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A Elphaba...

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quarta-feira, 24 de julho de 2013
Sinopse:
Se soubesses o dia da morte das pessoas mais importantes da tua vida, o que farias? Jem Marsh esconde um poder espantoso, mas terrível: sempre que olha alguém nos olhos, vê a data da morte dessa pessoa. Órfã, com uma família adotiva que não a compreende, e rejeitada pela escola, vive permanentemente em luta com o seu destino. Mas, quando se apaixona por Spider, tudo muda. Jem compreende então que, mesmo sendo diferente, é possível ser feliz. Um dia ao encará-lo nos olhos, Jem apercebe-se de que a morte de Spider está muito próxima, relacionada com um terrível atentado em Londres! Conseguirá Jem mudar o destino do seu namorado - e transformar a sua própria vida?

Ora aqui está uma leitura que me surpreendeu de forma positiva! Embora já tivesse olhado para Números: Luta Contra o Tempo anteriormente, confesso que se não lhe teria pegado se a oportunidade não me tivesse sido sugerida e a verdade é que estou bastante agradecida, pois encontrei uma história que está longe de ser apenas mais uma simples narrativa fantástica com adolescentes.
Com um teor extraordinário incomum, duas personagens principais desiguais e um enredo polvilhado de suspense e sobressaltos, este livro conseguiu surpreendeu-me até ao final, que acabou por ser bastante credível e me deixou com a vontade certa para ler o próximo título desta trilogia.

Rachel Ward não é uma autora que se iniba expor sentimentos ou comportamentos, quer sejam dignos de crítica ou não, e isso é notável logo de princípio quando conhecemos a sua protagonista Jem. Tendo, ainda muito jovem, visto a sua morrer mãe e, graças a esse drama, acabando por ser obrigada a passar por inúmeras famílias de acolhimento sem sucesso ou estabilidade, presentemente a nossa personagem acredita que não se pode afeiçoar a ninguém, afinal de contas quando olha nos olhos de uma pessoa fica a saber a data da sua morte. Na escola mantém-se distante e está longe de ser uma aluna exemplar, deixando espelhar uma imagem de rebeldia quando, unicamente, se sente só e excluída devido ao seu dom, à sua maldição. Até que um dia Spider vem mudar as regras do seu mundo, com a sua curiosidade e insistência, este rapaz quer conhecer melhor o rosto que se esconde debaixo de uma camisola larga de capucho, um capucho que esconde o segredo de uma vida e que mantém a sanidade de Jem a salvo, assim como o seu despedaçado coração.

Começando pelas personagens, embora a autora nos ofereça um elevado número de intervenientes secundários pertinentes, apenas os protagonistas acabam por marcar este texto e é sobre os mesmos que escolho falar um pouco.
Jem é a típica heroína dos livros para jovens adultos, com todas as reticências de uma adolescência mal vivida e pronta para cometer todos os erros que levam ao amadurecimento. Felizmente para nós leitores, e infelizmente para ela, não é protegida e durante a leitura são inúmeras as vezes que a vemos pagar um preço demasiado elevado pelos seus erros, pelas suas escolhas menos assertivas que a tornam sofrida, por vezes até deprimida, mas sem nunca perder a garra para lutar pelo que pretende e considera certo.
Spider, por sua vez, tem todos os predicados que advêm de um crescimento nos subúrbios, tornando-se muitas vezes irritante com as suas escolhas marginais, no entanto é um protagonista com um bom coração e que cuida os seus, pelo que é exactamente o que Jem precisa e, por isso, um aperto no peito constante para mim que, tal como a protagonista, sabia desde o início a data do seu fim.
Ambos são estranhamente perfeitos um para o outro, pelas suas diferenças e atitudes quando estão juntos e julgo que não seria possível conceber um par melhor para este texto - Rachel Ward está de parabéns.

Mas este livro não é feito apenas das suas personagens, é feito principalmente dos temas que estas nos vão permitindo explorar ao longo de um folhear com escassas alegrias, ou seja, tenho de admitir que esta se tornou uma leitura bastante interessante para lá do entretenimento.
Um dos elementos chaves do enredo são as questões familiares e tudo o que se relaciona com adopção, onde verificamos que a falta de diálogo ou de simples compreensão, marcam definitivamente aqueles que não têm uma figura parental, algo que fica claro em ambos os protagonistas.
A escola, como ambiente participativo e crucial na educação dos jovens, é também responsável por ser atenta e aqui existe, nitidamente, uma leve crítica a um acompanhamento que muitas vezes fica aquém do devido - pode ser apenas ficção, ou não.
Mas em relação a questões afectivas, é importante falar também da bonita relação que se desenvolve entre Jem e Spider, crua, selvagem e por vezes confusa, nascida da ausência de amor e por isso problemática, que a autora trabalha de uma forma credível e que me conseguiu fascinar.

Outras questões igualmente abordadas têm que ver com as diversas problemáticas de ambientes sociais sensíveis, como tráfico, drogas e violências, que são a força matriz para o cariz policial da narrativa que, a par com o fantástico que se resume ao dom de Jem, mantêm um nível de acção agradável. Considero até que conciliação de ambos, mistério e maravilhoso, foi bem conseguida e sem exageros, sendo o resultado final chocante e ao mesmo tempo tranquilizante, porque tudo acaba da melhor forma possível.


Em suma, gostei bastante deste livro que embora possa ser leve e indicado para um público jovem, desperta consciências sem grandes romanticismos, com a capacidade de entreter os amantes de fantasia sem a necessidade de um conto-de-fadas.

Rachel Ward não foi permeada por acaso e consigo perceber o valor da sua história e da sua escrita, fluida e aprazível, de ritmo constante e com um equilíbrio eficaz entre o diálogo e as descrições.
Os cenários criados não são particularmente complexos, mas é permitido a quem lê ter acesso ao que as personagens vão visualizando, o que é importante porque o ambiente em que Jem e Spider se inserem mostra parte daquilo que são.
Não é uma obra-prima, é um facto, mas é um livro que introduzirá os mais novos numa realidade que pode ser diferente da sua, sem esconder as sombras e os receios que estes preferem remeter para segundo plano.

Quando a mim espero ter oportunidade de ler o segundo título da trilogia Números brevemente, pois tenho a certeza que vou gostar. Da mesma forma, soube pelo site da autora que este livro tem direitos cinematográficos vendidos e consigo visualizar o imenso potencial para o projecto no pequeno ecrã, algo que não irei perder.


Esta é uma aposta da Vogais que, actualmente, tem seguimento através de Números: O Caos publicado pela editora Topseller, que pertence ao mesmo grupo editorial, 20|20 Editora. É uma história que eu recomendo a todos os leitores de fantástico a partir dos 16 anos.

Título: Números: Luta Contra o Tempo
Autora: Rachel Ward
Género: Fantástico; Young Adult
Editora: Vogais


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