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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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segunda-feira, 22 de julho de 2013
Sinopse:
Maik Klingenberg ficou sozinho em casa naquelas férias e, sem nada para fazer, sente-se absolutamente entediado. É então que Tschick aparece num velho jipe roubado. Estudam ambos na mesma escola e na mesma turma mas, por razões diversas, são ambos postos de parte pelos colegas. É então que decidem partir completamente à aventura para a Valáquia, no Sul da Alemanha. Ambos têm 14 anos e a sua busca é determinada pelo desejo de experimentarem uma liberdade absoluta. A viagem, bastante atribulada, vai tecer entre ambos uma indestrutível amizade. Este romance tão divertido quanto comovente já foi comparado a obras como As Aventuras de Huckelberry Finn, de Mark Twain e Uma Agulha no Palheiro, de J. D. Salinger.

Embora este seja considerado por muitos um livro de culto e esteja enquadrado numa colecção juvenil da Editorial Presença, Noites Claras, esta história de dois adolescentes que resolveram rebelar-se através de uma viagem única tem, na minha perspectiva, muito mais para oferecer. Esta história complexa e de texto descritivo é, isso sim, uma narrativa que fará os graúdos reflectirem sobre a sua essência, é uma história que vai muito além dos infindáveis mistérios da terrífica fase hormonal que marcou tantos de nós, levando-nos a pensar sobre o que originou as emoções e os comportamentos dos invulgarmente comuns Maik e Tschick.

Anti-sociais, excluídos e inadaptados, são três bons adjectivos para definir os dois protagonistas deste livro. Na escola são um número onde, por detrás de um rosto igual a tantos outros, se escondem sonhos, paixões, anseios da adolescência. Um mais resignado que outro. Um mais apaixonado que outro.
Quando Maik julga ser o único rapaz da sua turma a não ser convidado para o aniversário de uma rapariga, rapariga para quem passou os últimos dois meses a fazer uma prenda, deprime primeiro e acaba por ser resgatado depois. Tschick, o russo pé descalço que aparece alcoolizado nas aulas é o mesmo russo que acabará por o convidar - convencer e forçar são provavelmente termos mais indicados -, para fazer uma viagem que o marcará para sempre, dando início a uma jornada reflexiva sobre temas variados e situações incomuns.

Tudo nesta obra poderia girar em torno das suas personagens, em particular do narrador Maik que, através de uma exposição lenta, pontuada de recordações passadas e muitas observações, nos vai contando as peripécias de uma aventura invulgar que começou pelo roubo de um automóvel e uma ligação directa. Mas isso ficaria muito aquém destas páginas, páginas onde vidas, umas verdes e outras tantas maduras, acabam por nos relatar o sentido da existência humana, ou parte desta.

Talvez eu, enquanto leitora, ande oferecer demasiada profundidade ao que leio, mas a verdade é que neste livro encontrei retratos de famílias disfuncionais, almas perdidas que se encontraram e peculiaridades raras em personagens estranhas, mas credíveis, e tudo isto apenas na infinidade que alguns quilómetros deste planeta azul podem espelhar.

Álcool, abandono, depressão e mágoa, a par com a traição, seriam questões que usualmente abordaria neste meu texto - elas estão presentes -, mas surpreendo-me a mim própria ao recordar antes a meninice, os sorrisos desconfiados e o valor da amizade marcada pela diferença. Jóias raras que escolheram ficar nas minhas recordações após digerir aquela que não foi uma leitura assim tão fácil, uma leitura que me fez pensar até na mais caricata das situações aqui representadas. Porque é que estas duas crianças, Maik e Tschick, sentiram a necessidade de viajar sozinhas? Puro desejo e sonho infantil? Desilusão? Falta de atenção? A resposta não está, a meu ver, na solução mais simples, tentem recordá-lo quando efectuarem a vossa própria leitura.


Resumindo, este é um suposto livro de adolescentes onde um leitor adulto encontrará questões comuns ou reflexões mais profundas e, não sendo de entendimento fácil, creio que acaba por alcançar o tal espaço na memória, aquele espaço apenas reservado para obras desiguais.

Wolfgang Herrndorf tem uma escrita diferente da que eu esperava encontrar e que não é, de todo, simples ou fluida, proporcionando a que no final de quase todos os capítulos eu procurasse a reflexão e entendimento sobre o que tinha acabado de ler.
As suas descrições são emocionalmente bem trabalhadas embora sejam breves, equiparadas por mim a uma extensa manta de retalhos soltos que quando unidos nos aquecem por dentro. E, por fim, nem sempre considerei que as suas palavras fossem coerentes, mas gostei do resultado final, pelo que, embora tenha sido uma leitura difícil, não seria correcto da minha parte considera-la uma má leitura.

Pessoalmente creio que gostei deste livro quando o compreendi, mas não foi simples conectar-me com a história e encontrar a sua essência. Penso que o facto de se tratar de um autor alemão teve alguma influência, principalmente na estrutura e sequência adoptada para o enredo e, sinceramente, não consigo dizer que não fui tocada pela sua sensibilidade, por vezes curiosa, escolhida para falar de temas pertinentes e muito importantes na adolescência e muito para além desta.


Esta história é uma aposta Editorial Presença que, embora seja considerada Young Adult, prevejo ser aceite por um público bastante mais alargado.

Título: Adeus, Berlim
Autor: Wolfgang Herrndorf
Género: Juvenil
Editora: Editorial Presença
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1 comentários :

Alexandre Souzza disse...

Pena esse interessante autor ter morrido tão jovem, aos 48 anos. De todo modo, a notícia de sua morte, e os elogios quanto sua obra, me instigaram quanto a leitura. Pesquisarei a obra em livrarias e Sebos nas próximas semanas...

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