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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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domingo, 28 de julho de 2013
Sinopse:
Numa aldeia vizinha da cidade de Visão ninguém conhece o sabor da mágoa e da angústia, mas essa comunidade, aparentemente idílica, esconde um segredo tenebroso. Quando era pequena, Nalah não percebia porque a mandavam levar um bolo à menina muda a quem chamavam «A Voz» sempre que se sentia mal. Sabia apenas que isso a ajudava a melhorar. Já crescida, desvenda esse mistério e anseia por fugir da aldeia opressiva onde sempre viveu. Só depois de visitar a cidade de Visão e de conhecer o Templo das Mágoas, compreende o que tem de fazer para se libertar…

Até nos mais pequenos textos Anne Bishop expressa a intensidade que a caracteriza. E se sou uma leitora suspeita por ser sua adoradora, não o sou certamente no traço perverso que a comunidade apresentada em A Voz espelha, não o sou na bondade de algumas das suas personagens com violentos anseios do coração e, menos ainda, no ritmo que se impôs, quase encantatório, que me prendeu até à última frase da sua escrita.

Inocência. É com a leveza pueril dos pensamentos de Nalah, enquanto criança, que começa a nossa narrativa e é, igualmente, com ingenuidade dos 10 anos de idade que esta personagem se apercebe que algo estava mal na sua terra sem lágrimas. Mais tarde, no entanto, quando os receios da infância são apenas uma recordação e a realidade se adivinha bem mais crua do que antes, Nalah soube que ou ela ou o seu mundo teriam de mudar e uma viagem mudou tudo, uma viagem que a fez compreender que para sobreviver tinha de tentar resgatar quem poderia salvar.

Sendo esta uma short story pertencente à trilogia o Mundo de Efémera é essencial para quem, como eu, vai ou está mergulhar no título Ponte de Sonhos, o último da sobre esta terra de luz e escuridão, conceito que se repudia, complementa e equilibra, que está bem presente neste pequeno texto.
Não vos posso contar muito, mesmo sobre as personagens, que conhecerão melhor no terceiro livro, mas posso, ainda assim, falar-vos um pouco da jovem Nalah, da Voz e do muito que a cidade de Visão poderá ter oferecer, em contradição ao inferno mascarado de paraíso de onde provém a protagonista.

Forte, astuta e pouco convencional, Nalah revela ao longo do seu crescimento uma percepção do lugar em que vive diferente dos restantes habitantes, isto porque a sua curiosidade e, mais importante ainda, a sua sensibilidade face ao mal não lhe permitem fechar os olhos a uma mulher muda e órfã que que se alimenta das dores e do sangue que a comunidade não expressa. Mais tarde, quando são demasiadas as verdades que percepciona, e após conhecer um templo para consolar a mágoa que se recusou a partilhar, é pela coragem que o leitor recorda Nalah que, certamente, nunca mais será encarada como apenas mais um interveniente de Bishop.

A Voz, como personagem muda, é um sufoco desde o primeiro momento que nos prende atenção, e ao qual ninguém ficará indiferente. Ela é aquela em torno da qual giram todas palavras por dizer, sentenças e emoções de dor e de angústia, silêncios e mais silêncios que tudo permitem antever, para quem tem a infelicidade de todo mundo para esconder. É uma prisioneira da escuridão ansiosa pela luz, é isso que ela é.


Mas esta pequena história não é um negrume absoluto, esta é uma história escrita pela mestra das sombras e, portanto, para lá de todos os horrores ocultados - às mãos dos que detém o poder, às mãos dos que se reflectem nas almas mais fracas circundantes -, está presente o amor e a amizade, ligeiros cheiros doces que nos ajudam a combater tudo o resto, cheiros que se propagaram com o conhecimento da existência de Visão, um lugar onde se encontra apenas o que se consegue ver e, felizmente, Nalah não consegue olhar mais para o lugar onde sempre viveu.

Embora este pequeno livro não reflicta todo o potencial de Anne Bishop, não será uma desilusão para os seus fãs, que rapidamente se sentiram acolhidos pelas sua sublime narrativa, através de descrições cuidadas e de um jogo de palavras excepcional como só a rainha do dark fantasy tem para oferecer.

Eu confesso que já estou a mais de meio do livro Ponte de Sonhos e estou a amar cada momento com aquela que é uma das minhas autoras favoritas, aquela que me proporciona sempre o melhor que se pode pedir numa viagem entre páginas.

Esta é uma aposta Saída de Emergência que eu recomendo a todos os leitores de fantasia mas, obviamente, em particular para os fãs de Anne Bishop curiosos pelo Mundo de Efémera e, obrigatoriamente, para quem lê ou leu esta trilogia.

Mundo de Efémera


Sebastian (Opinião) - Livro 1
Belladonna (Opinião) Livro 2

Título: A Voz
Autora: Anne Bishop
Género: Fantasia, Horror
Editora: Saída de Emergência


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