Pesquisar Histórias:

A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
Fascinada por outros mundos e uma eterna sonhadora, assim eu sou.

Aviso:
Este Blogue e todos os textos escritos podem conter Spoilers!

Contacto:

Blog Archive

Com tecnologia do Blogger.

O Que Escrevo...

Seguidores

Próximas Opiniões...

Acasos Felizes
Um Mar de Rosas
Euro Pesadelo: Quem Comeu a Classe Média?
Pivot Point
Kafka Para Sobrecarregados
Amores contados
Maligna
A Revolta
A Marca das Runas
Un mundo feliz
Filha da Magia
Frankenstein
As Cinquenta Sombras Livre

Blogues Com Histórias...

domingo, 5 de agosto de 2012

Sinopse:
Graças à ciência moderna, todos os recém-nascidos são bombas-relógio genéticas – os homens só vivem até aos vinte e cinco anos e as mulheres até aos vinte. Neste cenário desolador, as raparigas são raptadas e forçadas a casamentos polígamos para que a raça humana não desapareça.
Levada pelos Colectores para se casar à força, Rhine Ellery, uma rapariga de dezasseis anos entra num mundo de riqueza e privilégio. Apesar do amor genuíno do marido Linden e da amizade relativa das suas irmãs-esposas, Rhine só pensa numa coisa: fugir, encontrar o irmão gémeo e voltar para casa.
Mas a liberdade não é o único problema. O excêntrico pai de Linden está decidido a encontrar um antídoto para o vírus genético que está prestes a levar-lhe o filho e usa cadáveres nas suas experiências. Com a ajuda de um criado, Gabriel, pelo qual se sente perigosamente atraída, Rhine tenta fugir no limitado tempo que lhe resta.

Raptada é o início de uma história que trás consigo uma nova perspectiva relativamente à evolução humana. Frisando as repercussões sociais de um desenvolvimento científico fracassado, esta narrativa evidência os conceitos de tempo e felicidade de forma absolutamente inovadora e, em grande parte, chocante.
Dotado de cenários tão belos quanto estéreis, este livro conta-nos o princípio do fim de protagonistas jovens e com uma maturidade forçada devido ao drástico destino que tomou conta da humanidade resumindo a vida a uma flor frágil e artificial onde a mulher tem o papel principal e, ainda assim, descartável.


Conhecemos Rhine no dia em que é bafejada pela sorte, escapando da morte, no exacto momento em que é proclamado o seu futuro para o resto da sua curta existência. Ela tem dezasseis anos e aos vinte morrerá como todas as raparigas da sua geração, como Cecily e Jenna, todas elas jovens de idades diferentes e com diferentes passados mas com um único ponto em comum, todas elas serão irmãs-esposas e todas elas irão, forçadamente, casar com o Governador da Casa Linden.
Entre os dramas emocionais de um casamento polígamo, a busca pela cura para o vírus genético e a ilusão de perfeição social a que todos parecem ter fechado os olhos Rhine irá manter a esperança de voltar para o seu irmão gémeo e, quem sabe, nos próximo quatro anos, tentar ser feliz.
Esta é a premissa trágica deste primeiro livro da trilogia O Jardim Químico, simples e fatídica contrariando a complexidade de sentimentos das curtas vidas expostas ao longo das suas páginas.

Tudo neste livro é intenso, todos os pormenores são marcados pela finitude das personagens, o que altera completamente a noção de tempo que o leitor habitualmente tem quando encara o desenvolvimento da acção. Embora se trate de um livro introdutório, que deixa muitas questões em aberto, as revelações são constantes e quando mais conhecimento é recebido em relação ao absurdo presente, mais acresce a expectativa em relação ao final. Algo muito bem conseguido por parte da autora.
No que respeita às personagens da história é interessante verificar a disparidade entre elas, a multiplicidade de informação que oferecem na sua curta existência pois, embora a sua morte esteja cronometrada desde o primeiro momento, e a humanidade se encontre arruinada, a verdade é que todos continuam a viver normalmente, subjugados, perante este cenário catastrófico mas, ainda assim, repleto de emoções, de medos, de anseios e desejos quase vãos, como no caso de Rhine. As opções, enquanto órfãos precoces de pais também eles precoces, na sua maioria, são impressionantes e todas as cenas presenciadas, do casamento à submissão a que estão expostas as intervenientes é chocante, assim como choca a falta de conhecimento dos muitos, e supostos, homens de poder também eles ainda jovens, o que aproxima quem lê do “vilão” Linden, também ele uma peça nas mãos daqueles que procuram a eternidade e só conseguem assistir à morte das gerações vindouras.

De uma perspectiva mais reflexiva, esta é uma história repleta de pormenores cativantes e contraditórios. A tecnologia que deveria maravilhar parece abstracta, a beleza extrema é preenchida de futilidade inebriante e o mundo, a vida limitada que se resume a um simples estado de sobrevivência, é tão cruel quando a passagem do tempo que retira toda a esperança e valor ao interlúdio entre nascer e morrer. Não há essência e o leitor estará perante um arco-íris opressor, sem cor.

Lauren DeStefano mostra através deste seu primeiro livro uma criatividade imensa que expõe com palavras simples, fluidas mas, acima de tudo, assertivas tocando a susceptibilidade do leitor.
As suas descrições são primorosamente belas, sem que no entanto a autora deixe de transparecer, na totalidade, a sensação de ilusão, de falsidade, de superficialidade perante evolução futurista que contraria a extinção cada vez mais eminente da raça humana, evidenciando assim o lado mais sombrio por de trás do ofuscante retracto da incerta felicidade.
Uma narrativa juvenil, também para adultos, que com toda a certeza conquistará os leitores de fantasia e ficção científica pelo cenário ligeiramente distópico que facilmente levará à ponderação de temas e valores variados, como por exemplo a importância do tempo e do amor, o futuro da humanidade e a relevância do ser vivo.

Pessoalmente, eu tive muitas dificuldades em escrever esta opinião com o receio constante de fornecer demasiada informação devido ao enredo conciso, daí que não tenha aprofundado as questões pessoais dos intervenientes o que não implica que não tenha gostado dos mesmos, porque gostei e muito. Rhine é quem dá voz à história e é através dela que sentimos o medo perante o absurdo que é estar vivo no seu tempo. O seu protagonismo é dividido com as suas irmãs-esposas e o seu marido e, talvez por isso, o romance esteja um pouco apagado nestas páginas cenário que mudará, com toda a certeza, no segundo livro da trilogia.
Gostei bastante das contradições constantes, do jogo de palavras elaborado pela autora que fascina e ao mesmo tempo repudia perante a sociedade apresentada. O que também gostei bastante foi da capa adoptada pela Planeta Manuscrito, embora também adore a original acho que esta se enquadra muito mais com história. 
Depois de terminar a minha leitura andei a pesquisar um pouco sobre esta trilogia e encontrei links muito interessantes. Deixo-vos a imagem do cenário onde se desenrola uma boa parte da acção (aqui) e a página dedicada a esta história (aqui) onde, tal como eu, poderão satisfazer algumas curiosidades. A página da autora, como sempre, pode ser encontrada na coluna da direita do blogue em Autores das Histórias. Se gostarem tanto desta história como eu, certamente não irão querer perder um único pormenor desta nova realidade.

Este livro é uma grandiosa aposta Planeta Manuscrito que eu sugiro, sem qualquer tipo de restrição, a todos os que são apaixonados por cenários inovadores e histórias emotivamente fortes.

Título: Raptada – O Jardim Químico 1
Autora: Lauren DeStefano
Género: Fantasia; Ficção Científica
Editora: Planeta Manuscrito

0 comentários :

Redes Sociais

WOOK - www.wook.pt