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A Elphaba...

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sexta-feira, 8 de junho de 2012
Sinopse:
Estamos em 1979 e, no Irão, sopram os ventos de mudança. O Xá foi deposto, mas a Revolução foi desviada do seu objetivo secular pelo Ayatollah e os seus mercenários fundamentalistas. Marjane Satrapi é uma criança de dez anos irreverente e rebelde, filha de um casal de classe alta e convicções marxistas. Vive em Teerão e, apesar de conhecer bem o materialismo dialético, ter um fetiche por Che Guevara e acreditar que consegue falar diretamente com Deus, é uma criança como qualquer outra, mergulhada em circunstâncias extraordinárias.
Nesta autobiografia gráfica, narrada com ilustrações monocromáticas simples mas muito eloquentes, Satrapi conta a história de uma adolescência durante a qual familiares e amigos “desaparecem”, mulheres e raparigas são obrigadas a usar véu, os bombardeamentos iraquianos fazem parte do quotidiano e a música rock é ilegal. Contudo, a sua família resiste, tentando viver uma vida com um sentido de normalidade. Um livro inteligente, muito relevante e profundamente humano.


Pessoalmente, este é um daqueles livros que me faz sentir não haver elogios suficientes para demonstrar o seu valor.
Como leitura foi absolutamente soberba, com alguns momentos em que me fez rir pela sua linguagem pueril, mas muitos mais momentos em que, através dos retractos simples, os meus olhos se inundaram de lágrimas devido à crueza de uma realidade repleta de injustiças. No entanto, para mim, é indiscutível que todos os momentos, sem excepção, me levaram a uma reflexão profunda sobre a guerra, a religião, os homens e, mais importante que tudo o resto, sobre os inocentes. Os milhares de inocentes que deram o corpo numa luta desigual pelos seus direitos.

Presépolis é o reflexo de milhares de vidas que nunca tiveram oportunidade, ou a coragem necessária, para nos contar a sua história num país que, desde que se lembra, sempre viveu em guerra e onde a paz é como um raio de sol no Inverno, que não é suficiente para transmitir calor. O Irão apresentado por Marje é um universo paranormal para nós, ocidentais, que nunca provamos o verdeiro sabor amargo do fanatismo, ou mesmo da ditadura extrema, que é capaz de apavorar o mais bravo dos corações.
É explícita a cegueira que move os extremistas, assim como o medo que domina a restante sociedade a quem chegam sussurros diários de mortes clandestinas, a mesma sociedade que se esconde nas ruas e que, a determinada altura, morre nos seus lares devido ao terror constante com a noção que cada segundo pode ser último numa guerra com muitas faces, com muitos culpados que nunca se poderão comparar aos rostos dos martirizados. Ainda assim, existe espaço para a alegria e essa é sorvida até ao último segundo, tendo capacidade de reforçar a alma para as muitas batalhas que nunca encontrarão o seu fim. (Os humanos…)
Outro dos temas abordados, que considerei bastante curioso, foi a dificuldade dos emigrantes em adaptarem-se a às nossas culturas liberais, assim como no seu regresso ao país de origem, afinal esta é a história de uma infância e a história de um regresso.

«(…) Quando temos medo, perdemos todo o sentido de análise e de reflexão. Somos paralisados pelo medo. Além disso, o medo sempre foi a força motriz da repressão de todas as ditaduras.» - Página 312


Marjane Satrapi conquista-nos, em primeiro lugar, por sabermos que se trata da sua autobiografia mas, principalmente, pela sua voz, escrita, sincera, sarcástica, simples e dotada de conhecimento de causa que reflecte a sua meninice perdida, seguida de constatações maduras sobre um mundo muito particular.
O traço que a autora aplica à sua narrativa gráfica confere à sua obra uma beleza indescritível que contrasta, evidência, uma cultura que exclui o que é belo aos olhos comuns.
Muitos dos temas explorados são revoltantes, mas sobra espaço para apreciarmos o crescimento de Marje que, tenho a certeza, despertará muitos sorrisos durante as suas conversas com Deus, o seu desejo de ser profeta, ou mesmo o seu gosto ingénuo por música punk. Resumindo, um pouco de luz nas sombras da sua vida.

Eu amei este livro e não tenho a menor dúvida que ficará para sempre gravado na minha memória assim, como sei, convictamente, que irei regressar às suas páginas vezes sem conta. Esta é uma aposta Contraponto que, como não me canso de reafirmar, marca pela diferença em cada obra e que já me proporcionou excelentes momentos de leitura. Sugiro este livro a todo e qualquer tipo de leitor e, até mesmo, a quem não lê.

Espreitem o site da autora: Aqui. É lindo!

Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Género: Novela Gráfica
Editora: Contraponto

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