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A Elphaba...

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Sinopse:
O mundo de Mare, uma rapariga de dezassete anos, divide-se pelo sangue: os plebeus de sangue vermelho e a elite de sangue prateado, dotados de capacidades sobrenaturais. Mare faz parte da plebe, os Vermelhos, sobrevivendo como ladra numa aldeia pobre, até que o destino a atraiçoa na própria corte Prateada. Perante o rei, os príncipes e nobres, Mare descobre que tem um poder impensável, somente acessível aos Prateados.
Para não avivar os ânimos e desencadear revoltas, o rei força-a a desempenhar o papel de uma princesa Prateada perdida pelo destino, prometendo-a como noiva a um dos seus filhos. À medida que Mare vai mergulhando no mundo inacessível dos Prateados, arrisca tudo e usa a sua nova posição para auxiliar a Guarda Escarlate – uma rebelião dos Vermelhos – mesmo que o seu coração dite um rumo diferente.

Poderia começar esta opinião dizendo-vos o quão positivamente surpreendida fiquei com este livro mas, em abono da verdade, eu já sabia que Rainha Vermelha tinha tudo para ser a história aprazível que se veio a revelar. 
Mesclando diversos géneros literários que eu aprecio e sem a necessidade de tornar complexas as ideias fundamentais mas de interiorização simples do seu enredo, Victoria Aveyard primou pelas suas comparações belas e directas às emoções do leitor que, como por magia, se vê rapidamente envolvido num universo distópico e requintado onde a crueldade e a bondade são, de forma crua, exactamente o que aparentam ser.

Sem uma definição temporal exacta, este mundo é-nos apresentado pela perspectiva de Mare, uma jovem Vermelha cuja condição, de plebeia, é limitada pela cor do seu sangue. Assim, é tendo como ponto de partida o desolador cenário da sua aldeia, Stilts, que conhecemos os primeiros dramas desta sociedade que mina os indivíduos desde meninice, oprimindo-os, com um futuro certo na frente de guerra para todos os que não têm uma formação profissional – a generalidade. Mas, como elucida a sinopse, um rasgo do destino irá aproximar Mare do outro lado desta realidade, dos Prateados, expandindo o seu horizonte visual e encaminhando-a para uma jornada tão ou mais perigosa do que aquela que lhe estava anteriormente predestinada. 

Seguindo a actual corrente literária, de protagonistas jovens com passados marcados por traumas e/ou violência, Mare acaba por revelar as lacunas da sua falta maturidade e por se deixar atraiçoar pelas emoções, não sendo, desta feita, a típica heroína perfeita e conseguindo, provavelmente, cativar quem a lê pela sua futura evolução. Para lá destas características, a sua personalidade irreverente, coragem temerária e consciência contraditória são singularidades que me atraíram particularmente, deixando-me expectante pela incerteza e instabilidade das suas acções, que permitiram que os diversos desfechos do enredo estivessem sempre em aberto. 

No que respeita a intervenientes secundários e aos seus contributos, são uma mais-valia pela sua multiplicidade e a variedades de perspectivas, quadros sociais, que conseguem oferecer ao leitor. Desde os rasgos afectivos comuns de simples serviçais (Gisa), às visões minuciosas por parte de revolucionários (Farley), temos oportunidade de compreender os Vermelhos de diversos pontos de vista e de perceber os seus diferentes trajectos e posturas, alguns desde muito jovens, como o melhor amigo da personagem principal, Kilorn.
No entanto, e porque Mare acaba por passar grande parte da história entre Prateados, é pela corte e as suas singularidades que senti maior afectividade. Neste grupo em particular, a empatia é muitas vezes dúbia e, exceptuando a Rainha Elara, uma vilã em todo o sentido do termo, os meus sentimentos por estes intervenientes (Cal e Maven, por exemplo) foram maioritariamente tão fascinantes quanto repugnantes; afinal, também estes não passam de piões uma luta que transcende Mare.  

Para lá das figuras ficcionais que nomeei, confesso que foi o mundo descrito e as peculiaridades que o caracterizam que me conquistaram e é sobre estes que gostaria de falar-vos um pouco. 
Lembram-se de no início ter frisado que o livro abrange vários géneros literários? Assim é, e um do que mais gosto é a componente histórica da narrativa. A corte Prateada, subdividida por Altas Casas, é qualquer coisa de impressionante, repleta de intrigas, traições e sangue, de falsidade e máscaras caiem quando menos se espera, num jogo em que cada passo é ameaçado, por muito prudente que seja, por paredes que têm literalmente ouvidos. 
Cada uma destas Altas Casa é caracterizada pelo seu Prestígio, poder, e aqui entra em acção outro género que adoro, a fantasia. Os seus elementos, de sangue prateado, podem ser um Swift, Telky, Strongarm, Whisper, Burner, Magnetron, Nymphy, etc., e, como o próprio nome induz, serem extraordinários na rapidez, capazes de mover objectos com a mente, ter uma força sobrenatural, entrar na psique de outros ou dominar elementos, são variados e proporcionam combates deliciosos. Sim, são uma corte violenta e fazem da brutalidade uma forma de entretenimento, com os seus Prestígios a designar o seu papel na escala de ascensão social. 

Por fim, gostei muito daquilo que pode definir a obra como distópica, quer pelos seus cenários, quer pelo ambiente que é transmitido. 
A Mansão de Summerton e Harbor Bay revelam um panorama com traços bastante medievais onde rasgos de futuro, televisões por exemplo, vos podem encantar, enquanto as Stilts, com um ambiente rural e primitivo, passam bem a imagem do povo, da repressão e da vida dura que motivará a origem da Guarda Escarlate – não vou fazer spoiler. Fiquei, confesso-vos, muito curiosa por saber mais sobre as Lakelands, mas esse é um cenário de que vos falarei quando fizer a opinião da continuação que, essa sim, poderá ter spoilers por ser o segundo título da trilogia. 

Para terminar, tudo o que citei é envolvido em romance e algum drama familiar, dada a frágil situação de Mare, o que torna a história ainda mais interessante. Se tem lacunas, claro que sim, mas tem efectivamente pontos positivos suficientes para me deixar muito curiosa sobre a sua continuação, sobre o que se segue nesta guerra entre Vermelhos e Prateados, entre uma corte e outra mais distante que ainda dará muito que falar. Em conclusão, um enredo bem trabalhado, com imenso potencial e muito por onde desenvolver. 

Uma boa aposta Saída de Emergência em terras lusas, que esta vossa leitora já tinha debaixo de olho desde o seu lançamento no original, que recomendo aos fãs dos vários tipos de narrativas acima nomeados. 

Título: Rainha Vermelha
Autora: Victoria Aveyard
Género: Fantasia; Distopia



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