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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sinopse:
Cassel Sharpe é um jovem de dezassete anos que deseja ter uma vida normal. Mas quando se nasce numa família com uma forte tradição em manipulação de maldições a normalidade não é algo fácil de alcançar. Cassel vive ensombrado pela ameaça de, a qualquer momento, os poderes maléficos que correm na sua família se manifestarem também em si. Por diversas vezes, a sua vida é posta em risco quando, em sucessivos episódios de sonambulismo, passeia pelos telhados do colégio interno que frequenta. De volta a casa, torna-se cada vez mais claro para Cassel que um tenebroso segredo familiar ameaça destruí-lo. Desejoso de perceber quem realmente é, o jovem inicia uma cruzada de autodescoberta que o leva a enfrentar perigos cada vez maiores. Holly Black traz-nos uma narrativa fascinante que abre um novo capítulo neste género literário, o thriller noire.

Ora aqui está uma surpresa muito, muito positiva.
Confesso-vos que estava um pouco céptica e não sabia ao certo o que iria encontrar entre as palavras de Holly Black, mas nada, absolutamente nada, me poderia ter preparado para o seu universo sombrio, misterioso e emocionante, que se revela com uma cadência ansiosa e exacta que me manteve em suspense até à última página.

Gata Branca, o primeiro título da série Curse Workers, traz – pelo menos para mim – um novo conceito no universo fantástico que prima não só pelo seu carácter inovador, como pela capacidade de chegar a um público diversificado, trabalhando personagens jovens com traços de inocência em cenários obscuros, piões de um jogo regrado pelo sangue, onde as maldições são apenas o princípio do seu quebra-cabeças.

Como a sinopse permite antever, Cassel é um jovem que teme vir a herdar o poder de realizar maldições, como a sua restante família, na mesma medida em que se sente excluído entre os seus por ser o único comum mortal. Sob um clima de suspeita que se vai prolongar durante toda a história, o já peculiar mundo deste jovem vai tornar-se surreal quando uma caricata situação leva à sua expulsão do colégio privado, para elites, onde até à data vivia sob o seu conceito de normalidade.
Já em casa, rodeado por parte do seu núcleo familiar disfuncional, os segredos começam no entanto a aumentar enquanto Cassel tenta descobrir o que verdadeiramente levou à sua expulsão, um caminho que brincará com a sua sanidade e que o levará a respostas que jamais poderia ou desejaria imaginar.

No que respeita a personagens o texto é bastante fértil e os papéis secundários tendem a ser todos relevantes num determinado momento da acção, assim sendo irei debruçar-me apenas sobre Cassel e dividir os restantes em dois núcleos, comuns e fazedores de maldições.
Eu, simplesmente, adorei Cassel. Mais homem que rapaz, aos dezassete anos ele tem plena consciência dos seus defeitos, das lacunas da sua índole e, naturalmente, admite não saber ser de outra forma – é um autêntico vigarista e sempre o será, ou pelo menos assim o espero. Por outro lado, é tão inseguro, tão emocionalmente imaturo que chega a dar dó, muito por culpa da forma retorcida como foi ensinado a lidar com os afectos. É uma personagem cheia de potencial e que Holly está a saber aproveitar na perfeição.

Quanto aos restantes intervenientes, para mim faz sentido falar dos mesmos explicando o núcleo social em que se inserem porque, de forma bastante clara, a história divide-os desde o início.
Em primeiro lugar temos os colegas de CasselDaneca Sam, são dois jovens bastante excêntricos que, como o resto do mundo, sabem da existência de pessoas que conseguem fazer maldições e têm medo o poder que estes indivíduos possam ter sobre eles, o que não os impede de ser bastante corajosos e mostrar o verdadeiro significado da amizade a Cassel. Quanto ao ambiente escolar, este é bastante previsível e a autora aproveitou para mostrar algumas facetas do protagonista enquanto explora invariáveis carácteres dos adolescentes.
Já no que respeita a todos os que possuem poderes, a família de Cassel em particular, esta leitura é verdadeiramente fascinante. Não vou adiantar muito para não cometer spoiler, mas imaginem a máfia, a forma como estas entidades, grupos, se relacionam e lidam entre eles e estarão próximos de antever tudo o que todos aqueles que fazem maldições são capazes de congeminar, de conhecer o seu funcionamento hierárquico, a sua capacidade de manipulação e de exercer violência física e psicológica.


Para lá de tudo o que nomeie até ao momento, gostei muito da forma como as questões afectivas foram tratadas, dos muitos pormenores revelados em cada capítulo e do facto de existirem gatos, gatos que são verdadeiras caixinhas de Pandora. Igualmente, fiquei muito satisfeita com as reviravoltas que preenchem o enredo, com a sua originalidade permanente e do modo como as maldições são perspectivadas, algo que é pouco elaborado e ao mesmo tempo tão significante em todos os campos da história.

Em suma, foi um livro que foi muito além do que eu poderia ter imaginado e que me deixou desejosa por ler a sua continuação. Tudo isto tem, claro está, o mérito de Holly Black que doravante terei sob a minha mira.
Quanto à sua escrita, esta é simples quando tem que ser e bastante astuta nos momentos de maior intensidade. Ela soube tecer uma teia genial em torno do secretismo e brincar a bel-prazer com personagens que tinham tudo para ser comuns. As suas descrições são muito simples, o que é positivo nesta narrativa de cariz sombrio – tal como foi publicitada, esta é uma fantasia que mistura a essência do noir thriller.

Uma aposta Editorial Presença a terminar da melhor forma possível o seu catálogo para os adeptos de outras realidades. Uma história que não vou esquecer tão cedo que vou querer acompanhar atentamente. Efectivamente, recomendo!


Título: Gata Branca
Autora: Holly Black
Género: Fantasia; Noir Thriller
Editora: Editorial Presença

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