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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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sábado, 9 de agosto de 2014

Sinopse:
A primeira vez que Eby Pim viu Lago Perdido foi num postal. Apenas uma fotografia antiga e algumas palavras num pequeno quadrado de papel pesado, mas quando o viu soube que estava a olhar para o seu futuro.
Isso foi há metade de uma vida. Agora Lago Perdido está prestes a deslizar para o passado de Eby. O seu marido George faleceu há muito tempo. A maior parte da sua exigente família desapareceu. Tudo o que resta é uma velha estância de cabanas outrora encantadoras à beira do lago a sucumbirem ao calor e à humidade do Sul da Georgia, e um grupo de inadaptados fiéis atraídos para Lago Perdido ano após ano pelos seus próprios sonhos e desejos. É bastante, mas não o suficiente para impedir Eby de abrir mão de Lago Perdido e vendê-lo a um empreiteiro.
Este é por isso o seu último verão no lago… até que uma última oportunidade de reencontrar a família lhe bate à porta.

Até ao momento, apenas tinha tido a oportunidade de experimentar a escrita de Allen por uma vez, mas foi o suficiente para ser conquistada.
Não é tanto o romance, que nas suas palavras está carregado de doçura, nem tão pouco o inexplicável, que num breve olhar pode ser confundido com fantasia, creio que o maior trunfo de Sarah Addison Allen está na sua forma de abordar o ser humano, na forma transparente como expõe as pessoas e consegue, incrivelmente, que todas elas sejam especiais ao olhar dos seus leitores.

Lago Perdido, título do livro, local mais querido, conta-nos o passado e o presente de personagens para quem o futuro é indefinido. Conta-nos como uma mãe se ausentou do mundo depois de uma perda profunda e como despertou, um ano depois, para receber o amor do seu legado. Conta-nos como uma criança corajosa suportou a carência e aguardou com bravura, pacientemente, por poder voltar à sua meninice. Conta-nos, igualmente, o Verão e o Outono de uma existência que se sente perdida no Inverno, qual árvore despida que apenas sabe ver o mundo através das suas folhas. E conta-nos ainda, sem palavras, como os gestos e os afectos podem concertar algo precioso há muito quebrado, algo que se julgava perdido para sempre.
Como tentei dar-vos a ver, esta é uma história simples e muito bonita, esta história é um puzzle construído de peças comuns que se completam de forma extraordinária.

Cuidadosa no que respeita à construção de personagens, a autora dá a conhecer um pouco da história de todos os intervenientes para que, presentemente, seja fácil para quem lê tecer uma opinião a respeito de cada um. No entanto, as protagonistas deste enredo evidenciam-se estabelecendo uma empatia imediata pelas suas histórias atractivas, o que proporciona uma maior vivência das suas experiências ficcionais, que toquem o leitor e que marquem pela diferença – Kate, Devin, Eby e Lisette.

A oportunidade de recomeçar é algo único e que toca as três mulheres e a criança acima citadas, assim como a finitude da morte que, de maneira desigual, as quatro têm de ultrapassar. Estás problemáticas são os temas principais e tornam a narrativa bastante emotiva e, na mesma medida, possibilitam que o folhear se transforme num olhar primoroso para as pequenas coisas, valorizando afectos e acontecimentos que necessitam de todo o poder que possa existir na palavra acreditar.
Violência doméstica, alcoolismo e luxúria acabam, igualmente, por ser questões levantadas por personagens secundárias e, neste sentido, gostei bastante de conhecer Wes, Selma e Bulahdenn, as suas últimas em particular pelo sentido de humor que conferem ao texto.

Muito importante para a carga emocional que a história transparece é o ambiente proporcionado pelo cenário de Lago Perdido, um local que num primeiro olhar parece decadente mas que depressa descobrimos impregnado de uma aura mística pelos muitos Verões felizes que proporcionou aos seus hóspedes, um local que agora influenciará as suas memórias impulsionando-os a seguir em frente com base numa energia benigna que contraria a sua aparência.


Em suma, esta é uma obra pontuada de romance, de esperança e de uma magia muito própria que poderá estar em cada um de nós. É uma obra que fala de experiências reais e que ganha forma pela capacidade de expressão através dos intervenientes da ficção. Uma obra que, definitivamente, agradará aos fãs de literatura contemporânea para adultos.

Relativamente à escrita de Sarah A. Allen, tal como aconteceu na minha anterior leitura, é evidente uma voz muito própria que incentiva à passagem de valores com leveza e naturalidade. As suas descrições são breves mas caracterizam-se por um olhar singular, quer digam respeito a personalidades ou aos objectos que as circundam e complementam.
Por fim, após ler os agradecimentos da autora, é possível perceber o quanto de si está contido neste livro, a sua nostalgia e a sua gratidão após ter atravessado uma dura batalha.

Esta é uma aposta contínua da Quinta Essência que assenta na perfeição o seu catálogo, uma aposta que me satisfez proporcionando-me boas horas de entretenimento.


Da mesma autora, no blogue:
A Árvore dos Segredos (Opinião)


Título: Lago Perdido
Autora: Sarah Addinson Allen
Género: Romance Contemporâneo




2 comentários :

Unknown disse...

Esperei bastante tempo para saber a opinião que tem relativamente a este livro; e só serviu para me dar ainda mais vontade de o ler. A escrita de Sarah Addison Allen é encantadora e ao mesmo tempo realista. Esse mesmo realismo está presente nos trabalhos dela que tive a oportunidade ler, e isso fascinou-me e tornou-a uma das minhas autoras preferidas.

Elphaba disse...

Olá Margarida :)
Muito obrigado pelo seu feedback, saber que aguardou a minha opinião é algo que me deixa muito lisonjeada! Se quiser saber um pouco mais sobre a história hesite em contactar-me por email.

Beijinho, boas leituras*

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