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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Sinopse:
Alcançaram o impossível: o mal que governara o mundo pela força do terror foi derrotado. Mas alguns dos heróis que lideraram esse triunfo não sobreviveram, e eis que surge uma nova tarefa de proporções igualmente gigantescas: reconstruir um novo mundo. Vin é agora a mais talentosa na arte e técnica da Alomância e decide reunir forças com os outros membros do bando de Kelsier para ascender das ruínas de um passado vil.
Venerada ou perseguida, Vin sente-se desconfortável com o peso que carrega sobre os ombros. A cidade de Luthadel não se governa sozinha, e Vin e os outros membros do bando de Kelsier aprendem estratégia e diplomacia política enquanto lidam com invasões iminentes à cidade.
Enquanto o cerco a Luthadel se torna cada vez mais apertado, uma lenda antiga parece oferecer um brilho de esperança: o Poço da Ascensão. Mas mesmo que exista, ninguém sabe onde se encontra nem o poder que contém… Resta a Vin e aos seus amigos agarrar esta fonte de esperança e conseguir garantir o seu futuro e futuro de Luthadel, cumprindo os seus sonhos e os sonhos de Kelsier.

Aviso: como a própria sinopse induz, é inevitável, esta opinião podem conter spoilers para quem não leu o livro anterior. 

Tão bom ou melhor que o seu antecedente, o segundo volume da Saga Mistborn é um bálsamo para corações previamente partidos e um novo mar de medos para os que depositam fé no renascimento do Império Final. O Poço da Ascensão é, sem dúvida alguma, um livro imenso, uma lição sobre política, crucial na sua abordagem social e particularmente abrangente em relação à natureza humana, ou seja, é uma história de paralelismos fáceis para os amantes de fantasia que encontrarão nestas páginas uma narrativa muito especial. 

Para um enredo que se inicia negando a religião às suas personagens, sendo esta proibida na sua sociedade, é curioso que um dos intervenientes principais seja especialista nesta área – tendo armazenado o conhecimento de mais de duzentas durante a sua existência e oferecendo o seu conhecimento, em jeito de rebelião, aos mais curiosos –, e por isso, provavelmente, é igualmente curioso que eu me sinta tentada a ter como ponto de partida para o meu comentário uma frase de São Francisco de Assis: “Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estará a fazer o impossível.”. Assim fez Kelsier no passado recente e assim se abrem as portas para esta nova fase da história que tenta dar início a algo que desconhece, a uma democracia. 

Um ano após a queda do totalitarismo do Senhor Soberano, encontramos no povo ska o princípio de uma fé que até então lhe era interdita e na nobreza o receio por ver o poder, o controlo, distribuído e ameaçado por um cerco à mais importante de todas as cidades, Luthadel. O nascimento do comércio livre, em particular o seu efeito na ambição dos que nunca ousaram algo idêntico, e necessidade de aprendizagem pelo Bando de conceitos que até então lhe eram alheios, são os interessantes pontos de partida neste interlúdio para as imensas transformações que tanto os intervenientes como o próprio enredo vão sofrer no decorrer da acção, com vários protagonistas a tomar posições inesperadas e desfechos tão surpreendentes quanto chocantes. 

No que respeita a personagens, fui agradavelmente surpreendida pelas evoluções da maioria dos que se destacaram, que tanto revelaram lacunas como aprumaram as suas qualidades. Uma vez mais, estamos perante impasses e momento de extrema tensão em que a morte está latente. 
Gostei particularmente das novas aquisições, dos novos rostos, dos quais destaco Zane, por trazer um novo alento à Alomância, uma das componentes fantásticas mais fortes do texto, de Tindwyl, por nos revelar outras faces do fascinante povo terrisano, e de OreSeur, um kandra, pelo seu papel crucial e por revelar tanto destas criaturas tão arrepiantes, curiosas e misteriosas.

Quanto ao Bando, Vin continua a ser a minha favorita, talvez porque assisti à sua transformação desde o início, foi fascinante ver uma criança que nunca viveu a meninice tornar-se uma guerreira exemplar e, sem dúvida alguma, assistir à sua curiosidade e aos seus poderes extraordinários, que ultrapassaram o expectável e a fazem oscilar mentalmente, enquanto o seu coração e os seus medos a mantêm hesitante perante a sua nova posição, o papel que deve desempenhar. Da mesma forma, Sazed vai se superando e revelando o que de mais humano existe nos terrisanos, rompendo os preceitos das suas tradições e mergulhando em enigmas que prometem tornar a história ainda mais emocionante na recta final. Tornou-se um dos meus favoritos, com o seu imenso potencial, a sua mente complexa e a revelação da extensão dos seus poderes. Por fim, em relação aos restantes membros do bando, algo aturdidos nesta fase, continuam a enriquecer o texto com diálogos deliciosos e as suas personalidades singulares, mostrado que podem surpreender a qualquer momento, alterando o rumo do texto, enquanto lutam para se adaptarem ao que tanto lutaram por alcançar. 

Embora tenha a noção de que já me dediquei bastante às personagens – que o merecem, são fenomenais – ainda me falta falar de mais uma que, para mim, se destacou entre todas e promete continuar a fazê-lo nos derradeiros momentos da trama, o meu querido Elend. Dissonante de todos os outros, como nobre estudioso e sonhador, fiquei maravilhada a vê-lo aprender a ser o rei que sempre idealizou numa cidade mergulhada no caos, bem diferente da que alguma vez imaginou. O cerco a Luthadel, a eminência de uma guerra perdida e todo o drama familiar que evolve esta personagem não só lhe permitem uma evolução espantosa como nos dão uma visão muito interessante do estado social e das lacunas das novas políticas. Entre uma nova religião, as tentativas de assassinato e o ambiente tenso sentido entre todos, este jovem acaba por surpreender nas atitudes e emoções, deixando tudo em aberto para a sua continuação ao lado de Vin.

Enfim, atendendo à forma como Brandon Sanderson concluiu, de forma tão brutal, o ciclo anterior, eu sei que deveria ter estado preparada para qualquer destino que estas figuras ficcionais viessem a sofrer, mas confesso que ainda assim fico a pensar em tudo o que aconteceu nas últimas cem páginas deste livro e tenho um grande desejo de as reler, para tentar descobrir nas entrelinhas um pouco mais dos grandes acontecimentos que me deixaram ansiosa por pegar no último livro desta trilogia – O Herói das Eras, Parte I e II. 

Uma enorme aposta da Saída de Emergência dentro do género literário que a destaca entre pares, a fantasia. Recomendo sem qualquer restrição, a qualidade desta história é indiscutível. 

Do mesmo autor, no blogue: 
O Império FinalOpinião

Título: O Poço da Ascensão
Autor: Brandon Sanderson
Género: Fantasia


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