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A Elphaba...

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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sinopse:
Daisy Becker é uma actriz de segunda, a sua carreira está acabada e a vida pessoal é um caos. A ponto de ficar na rua porque não consegue pagar a renda.
Daisy conhece a estrela de Hollywood do momento, o arrogante Marc Barton, que está em Berlim a rodar o novo filme de James Bond. A sua relação começa da pior maneira.
E piora quando, depois de morrerem num acidente de carro, recebem o castigo por acumularem mau durante a vida: voltam a nascer como formigas.
Nenhum deles tem muita vontade de partir para a guerra como insectos. Além disso inteiram-se que o melhor amigo de Daisy e a mulher de Marc estão a sair juntos.
Que fazer? Ir em busca de bom e subir os degraus da escada da reencarnação até voltarem a ser humanos. Mas não é assim tão fácil, principalmente com as armadilhas amorosas.

Eu já sabia que esta seria uma leitura muito divertida, afinal a sua antecedente, Maldito Karma, figura no topo das minhas recomendações quando me pedem umas boas gargalhadas entre páginas. O que eu não poderia imaginar é que este livro fosse, quiçá, ainda melhor do que o seu homónimo e se transformasse, também ele, numa das comédias que mais gozo me deu ler em muito tempo. 

Eu já conheço David Safier de outras sátiras e sei que o seu talento para o trocadilho emocional é inegável, mas quando o tema é reencarnações e o próprio Buda tem papel de destaque na equação é como se um verdadeiro milagre acontece-se. Enfim, preparem-se para rir até às lágrimas enquanto assistem a reviravoltas inteligentes, para que, surpresa após surpresa, a vossa alma seja elevada a um novo sentido… ou não! 

Qual é coisa qual é ela que pode fazer uma alma perdida acumular bom karma? Martirizá-la até ganhar juízo! E o que é que é melhor que uma alma perdia? Duas almas perdidas! E é isto que trata esta história queridos leitores; duas entidades repletas de defeitos e com uma existência facilmente julgável serão postas à prova e tentadas pelo nirvana, reencarnação após reencarnação, até aprenderem que a resposta para as múltiplas e complexas perguntas que vão colocando a si mesmas está em algo tão simples como o amor. É bonito e lindo de se ver, no sentido mais hilariante que consigam imaginar para esta expressão.

Daisy e Marc odeiam-se um ao outro e, como tal, só poderiam estar unidos para toda a eternidade. Muito sucintamente, quando conhecemos a nossa protagonista ela é uma criatura tão insuportável e limitada que me faltam adjectivos para a descrever e, após várias peripécias, acaba por morrer de acidente e nascer como formiga. Quanto a Marc, com uma arrogância suprema, só poderia sofrer a mesma “piiiii” de destino e renascer, também ele, bem abaixo na escala de ascensões. No entanto, parece que nada dá tanto sentido à vida como a morte e é delicioso assistir a este par, vê-los superarem-se, conhecerem-se a amadurecerem, vê-los aprender com os seus erros e tornarem-se pessoas melhores quando estão tão distantes da humanidade e, muito mais tarde, descobrirem também o verdadeiro sabor da felicidade. Se são grandes personagens, não sei leitores, sei apenas que são muito bem conseguidos nos papéis que desempenham. 

Igualmente, gostei dos diversos intervenientes secundários e todos sem excepção aprimoram narrativa e o seu sentido de humor. Uma mãe, o Casanova e um Homem da Idade da Pedra são pormenores engraçados e só quando rasgos de normalidade entram na acção é que nos apercebemos do imenso sentido que o absurdo está a fazer, não fosse o Buda, neste enredo, uma personagem definitivamente sobrevalorizada – só o Safier para me fazer sentir vontade de ralhar com o Buda. 

Seguindo uma linha bastante idêntica ao livro anterior, Mais Maldito Karma procura essencialmente explorar o amor nas suas várias acepções, com bastante perspicácia e uma abordagem incomum. E, sem meias palavras, do principio ao fim, quem lê assiste a variadas críticas às mais variadas temáticas, como a alta sociedade ou o comércio da imagem. 
Assim, com uma abordagem já conhecida mas que consegue ser refrescante, voltam a ser expostos estigmas e preconceitos, enfatizando falsos moralismos e ideais pré-concebidas a que, em algum momento, todos somos tentados, mas tudo retratado de forma divertida pois o humor é, em definitivo, uma constante. 

Pessoalmente, Safier não desiludiu e a sua genialidade não deixa de me cativar e surpreender, continuo a ser uma grande fã do seu trabalho. Em suma, para mim é título perfeito para quem procura algo com qualidade e diferente, para leitores de mente aberta mas também para abrir algumas mentes (perdoem-me o trocadilho) – obrigado Planeta Manuscrito!


Do mesmo autor, no blogue: 
Maldito Karma Opinião
Jesus Ama-me Opinião 
Uma Família FelizOpinião

Título: Mais Maldito Karma
Autor: David Safier
Género: Comédia


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