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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
Fascinada por outros mundos e uma eterna sonhadora, assim eu sou.

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sábado, 7 de junho de 2014

Sinopse:
A 5ª Vaga, o volume que dá início à trilogia com o mesmo nome, é uma obra-prima da ficção científica moderna. É um épico extremamente original, que nos apresenta um cenário de invasão extraterrestre do planeta Terra como nunca antes foi escrito ou sequer imaginado. Nesta narrativa assombrosa, uma nave extraterrestre fixa-se na órbita da terra, à vista de todos mas sem estabelecer qualquer interação. Até que, subitamente, uma gigantesca onda eletromagnética desativa todos os sistemas da Terra, e todas as luzes, comunicações e máquinas deixam de funcionar. A esta primeira vaga seguem-se outras, num crescendo de violência que devasta grande parte da humanidade.

*Estou ligeiramente siderada com este livro, confesso. Dito isto, não me responsabilizo com o elevado nível de entusiasmo que esta opinião pode conter.*

Considerei fascinante a capacidade de Rick Yancey para agarrar numa mão-cheia de clichés e transformá-los numa narrativa intensa e inovadora, que contornou e ultrapassou as minhas expectativas, deixando-me a pensar no que é que o seu texto poderá ter de tão especial para que eu tenha gostado tanto do que li. Talvez tenham sido as suas personagens insanas ou o seu retrato retorcido do nosso mundo, certo é que se trata de um texto que me fez tanto querer vivenciar como temer o futuro das suas páginas, que assentam na perfeição a quem deseje experimentar ficção científica ou se sinta atraído por livros que explorem os limites da condição humana.

Um dos pormenores que torna a escrita desta opinião num verdadeiro desafio, e consequente perigo no que respeita a spoilers, tem que ver com o facto de a narração da história começar, em parte, no princípio do fim, ou seja, com 97% da população terrestre exterminada e com o relato de uma protagonista à beira da loucura, relativamente incoerente e que passa na perfeição o horror das suas emoções para o leitor – apresento-vos Cassie Sullivan.

De forma resumida, A 5.ª Vaga começa por nos dar a ver, numa voz fascinante, como os Outros estacionaram na nossa órbita – a Chegada – e como 10 dias depois lançaram sobre a Terra a 1.ª vaga, uma onda electromagnética que pôs aviões a cair do céu como se tivesse aberto a caça aos tordos, ou seja, que destruiu motores, baterias e afins matando meio milhão de pessoas – durou alguns segundos. A 2.ª vaga foi mais intensa e mortífera e foi precedida de uma 3.ª vaga silenciosa mas absolutamente devastadora em todos os sentidos – vão adorar os pormenores. Por fim, a 4.ª vaga que vigora quando começamos a nossa leitura na companhia de Cassie, que vive verdadeiros momentos de terror após ter perdido as migalhas do que lhe restava de uma vida anterior, e apesar de limar literalmente as pontas soltas do que restava da humanidade ela não é nada, definitivamente nada, quando comparada com a perversidade que os Outros vão alcançar com o decorrer das páginas, com a preparação da 5.ª vaga – medo!
A esta “simples” descrição dos acontecimentos provocados pelos extraterrestres, algo explorado centenas de vezes na ficção, o enredo junta infinitas reviravoltas previsíveis que eu quis fervorosamente que não estivesse a acontecer e uma maldição de afectos distorcidos que me fez negar com a cabeça até estar perto de um problema cervical – é inacreditável. Resumindo, este livro oferece uma visão aterradora do fim do mundo e arritmias cardíacas em grandes doses que me fizeram desejar intensamente que a leitura não tivesse fim.

Este é o momento em que eu devia começar a falar-vos de uma mão cheia de personagens interessantes mas a verdade é que, tirando Cassie, nem tudo o que parece é e apenas a jovem genuína, corajosa e que defende um urso de peluche como se dele dependesse a sua vida, ou no mínimo a sua racionalidade, me permite não estragar tudo o que os intervenientes têm para oferecer. Assim, o enredo centra-se particularmente nas promessas para futuro, signifique ele o que significar, em crianças e jovens mas também num ou outro graúdo que acaba por ser fundamental no que está a acontecer ao nosso planeta.

Tudo é particularmente intenso na história por causa de Cassie sim, ela é mesmo central –, começando pela estrutura emocional que passa para o leitor oferecendo-lhe um olhar muito próprio sobre o que está acontecer. O ambiente é de profunda desolação, com a solidão e a saudade a sobreporem-se a tudo o resto – ela tem saudades de si mesma e é tão triste – numa realidade em que não se pode confiar na própria sombra, num cenário de incerteza em que os humanos perderam a humanidade e o isolamento é tudo o que resta para se tentar adormecer sem a certeza de que se voltará acordar. Instabilidade e pânico vigoram, assim, num silêncio opressor em que nada existe para além do bater acelerado do coração – conseguem imaginar?
A narração acaba, no entanto, e após uma apresentação de factos, por passar para outros intervenientes que apesar de darem a conhecer diferentes ficções estas não são certamente apaziguadoras. É tudo bastante arrepiante e plenos de explosões emocionais.

O ambiente de expectativa, com situações limite, preparado pelo autor antes de desenvolver relações afectivas, é acompanhado por uma introdução crescente de conceitos apropriados aos Outros, baseados em termos reais, algo interessante apesar de pouco desenvolvido. Gostei particularmente dos drones, silenciadores, da arma Olho e do termo tado, assim como toda a tecnologia de ponta utilizada que vai aparecendo mais para o final que é, God, é de cortar a respiração.


Em suma, não sei se fui clara sobre esta história, mas este é daqueles livros que tem de ser lido para ser compreendido. É o tipo de narrativa que pode agradar tanto a leitores de distopias, pelo extremismo evidente, como por aqueles gostem de criaturas extraterrenas “do tipo muito mau”. Uma certeza, não é um livro para pessoas susceptíveis ou que procurem romance, pois embora este esteja presente é secundário tendo em conta tudo o que está acontecer.

Rick Yancey é terrível. Quer dizer, ele é um autor bastante bom mas não tem dó nenhum dos seus leitores. A sua escrita é bastante simples e directa, mesmo nas descrições pontuadas de sentimentalismos, proporcionando uma visão bastante sólida deste universo diferente.
O facto de estarmos perante discursos directos na primeira pessoa pode ser limitativo neste género de ficção, mas creio que foi algo bem conseguido para a criação de empatia e para a passagem dos afectos em relação a tudo no texto.

Pessoalmente fiquei absolutamente fã. É dos melhores livros que li este ano e não acredito que seja apenas por se tratar de um tipo de histórias que me agrada.
Não vos falei muito dos pormenores, mas como citei no início há imensos clichés deliciosos e singularidades contemporâneas que entre sangue e horror me fizeram sorrir. Destaco o facto de “dar a Dorothy” a alguém que, sem ter graça nenhuma, me fez dar uma gargalha – podia ser “dar a Elphaba”, dado ser algo negativo, mas Ricky é esperto, muito esperto.

Esta é uma excelente aposta Editorial Presença, apostando na variedade com assertividade, que eu recomendo a todos os leitores como tenho recomendado aos meus amigos – livrem-se dos preconceitos e LEIAM! A ficção alternativa quando é feita com qualidade é o melhor espelho da realidade.


Título: A 5.ª Vaga
Autor: Rick Yancey
Género: Ficção Científica

Para mais informações sobre o livro A 5.ª Vaga, clique aqui.


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