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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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sábado, 21 de junho de 2014

Sinopse:
Tudo o que amamos pode ser levado pela corrente...
Nunca, nunca chores...
A mãe de Eureka Boudreaux instilou esta regra na filha há anos.
Mas agora a mãe partiu, e onde quer que Eureka vá, ele está lá: Ander, o rapaz alto, de cabelo louro-claro, que parece saber coisas que não devia, que diz a Eureka que ela corre um grande perigo e que a deixa sempre à beira das lágrimas.
Mas Ander ignora o maior segredo de Eureka: desde que a mãe se afogou num acidente bizarro, Eureka deseja morrer.
Resta-lhe pouco que lhe desperte o interesse, apenas o amigo mais antigo, Brooks, e uma estranha herança: um medalhão, uma carta, uma pedra misteriosa e um livro de outras eras que ninguém compreende.
O livro encerra uma história assombrosa sobre uma rapariga que ficou destroçada e chorou tanto que formou um continente no mar... e há algo na história que é misteriosamente familiar.
Eureka está prestes a descobrir que a narrativa antiga é mais do que uma história, que Ander pode falar verdade... e que a sua vida é muito mais obscura e oculta do que alguma vez imaginou.

Ora aqui está uma bela surpresa!
Directamente das profundezas do oceano há muito esquecidas para actualidade, Lauren Kate concebeu uma nova narrativa de fantasia juvenil para os leitores ávidos por histórias de amor impossíveis e tragédias milenares, alimentada pela lenda de Atlântida e enleada em mistérios que prenderão a atenção do leitor da primeira à última página.

Com uma escrita leve e acessível Lágrima conta a história de Eureka, uma rapariga que perdeu quem mais amava e com quem mais se identificava num brutal e estranho acidente. Com a dolorosa perda da sua mãe, a protagonista perdeu igualmente a alegria de viver, os seus sonhos, condenada a partilhar o lar com o seu pai e madrasta, com quem tem uma difícil relação. O que Eureka não sabe é que, nas sombras em que sobrevive, há alguém que sempre a vigiou, olhou por si, alguém que aprendeu a amá-la e que quase, quase a fará derramar uma lágrima, algo que não acontece desde a sua mais tenra infância.

É com a premissa acima descrita, ligeiramente dramática, envolvida num ambiente bastante misterioso que iniciamos esta narrativa que, desde o início, nos mostra a existência de magia.
A heroína, típica deste género literário, young adult contemporâneo, tem um desenvolvimento constante ao longo do texto até ao seu final, em que os traços de mulher se começam a sobrepor aos de menina. Dito isto, Eureka nem sempre tem as atitudes mais correctas enquanto se redescobre na a sua bem-vinda evolução após uma característica fase de adolescente traumatizada, o que tende a aborrecer aos mais graúdos que, por outro lado, poderão apreciar mais facilmente a sua forma de sentir e distribuir afectos, com algum sarcasmo, com a grande dor de quem perdeu o pilar do seu mundo.

A personagem principal faz-se acompanhar por elevado número de intervenientes secundários que, em alguns casos, são efectivamente cruciais para o texto. É disso exemplo Ander, que se caracteriza pela sua devoção a Eureka, agradáveis singularidades e pela aura de secretismo que oferece ao livro, e de Brooks, o amigo de sempre da protagonista que vai sofrendo alterações na sua postura e atitudes suscitando, igualmente, curiosidades sobre a sua mudança.
A madrasta, o pai, a melhor amiga, entre outros, são também eles interessantes, mas confesso que quem mais me atraiu foi Madame Blavatsky, uma vidente – se assim lhe quiserem chamar – que ajuda Eureka na descoberta da verdade e que eu gostaria de ter conhecido melhor.

Relativamente ao busílis do enredo, este é relativamente previsível para o leitor mas absolutamente desconhecido para a protagonista, gostei dos seus contornos, gostei do facto de, apesar de ser dado a ver, nos permitir, ainda assim, sentir o suspense através de acção constante, da confirmação das suspeitas que se vão levantado e do desejo de ver espelhado o lado extraordinário da história, que pressagia sangue e morte.

No que diz respeito à fantasia, esta está retratada de forma bastante ligeira o que, de alguma forma, pode desiludir mas que, no meu caso, contribui igualmente para aumentar a vontade de ver mais, saber mais, após os vislumbres breves em que se apresenta. A maior parte das vezes em que o extraordinário surge é pela família de Ander, revelando-se no entanto  mais intenso no final, com a descoberta dos segredos escondidos nos objectos, lindos e especiais, herdados por Eureka da sua mãe – citados na sinopse e sobre os quais não quero falar muito para não cometer spoiler.

Por fim, o livro tem uma glosa fantástica – uma história dentro da história – associada à protagonista e relacionada com a lenda da Ilha de Atlântida, aqui rescrita de uma forma inteligente e criativa que acabou por se contextualizar lindamente com o drama e o romance desenvolvido.


Em suma, esta é uma história de fantasia leve, bastante aprofundada no que respeita ao romance e ao drama e que consegue cativar pela forma como desenvolve os mistérios em torno de variadas personagens.

Quanto à escrita de Lauren Kate, esta é menos descritiva que na série pela qual se consagrou, Anjo Caído, o que na minha perspectiva é um ponto positivo. A autora mantém, ainda assim, os traços que a caracterizam, focando-se principalmente nas emoções personagem principal, utilizando diálogos atractivos e oferecendo primor à base que lhe serviu de fonte de inspiração.

Da minha parte, talvez por não ter expectativas, acabei por gostar da história e ficar curiosa com os desenvolvimentos futuros, após um final muito intenso e um pouco violento que deixa o futuro de todas as personagens em aberto.

Esta é mais uma magnífica aposta Planeta Manuscrito na fantasia para os mais jovens, que assenta na perfeição na sua colecção de Livros Fantásticos.

Da mesma autora no blogue, série Anjo Caído
Anjo Caído (Opinião)
Tormento (Opinião)
Paixão (Opinião)


Título: Lágrima
Autora: Lauren Kate
Género: Fantasia Juvenil, Romance


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