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A Elphaba...

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sinopse:
Dezanove foram as vezes que Colin se apaixonou.
Das dezanove vezes a rapariga chamava-se Katherine.
Não Katie ou Kat, Kittie ou Cathy, e especialmente não Catherine, mas KATHERINE.
E das dezanove vezes, levou com os pés.
Desde que tinha idade suficiente para se sentir atraído por uma rapariga, Colin, ex-menino prodígio, talvez génio matemático, talvez não, doido por anagramas, saiu com dezanove Katherines. E todas o deixaram. Então ele decide inventar um teorema que prevê o resultado de qualquer relacionamento amoroso. E evitar, se possível, ter o coração novamente destroçado. Tudo isso no curso de um verão glorioso passado com o seu amigo Hassan a descobrir novos lugares, pessoas estranhas de todas as idades e raparigas especiais que têm a grande vantagem de não se chamarem Katherine.

Pobres de todos aqueles que nunca se apaixonaram, diria eu automaticamente se alguém me questionasse sobre este tema. Pobres de todos os que nunca sentiram borboletas no estômago, mãos suadas e o coração a mil, os primeiros sintomas desta maravilhosa doença que nos tira o sono, o apetite e a concentração e que, em troca, nos coloca o um sorriso no rosto, nos torna audazes e nos faz acreditar que os astros têm uma palavra certeira a dizer sobre um qualquer glorioso futuro ao lado da nossa alma gémea – ou não!

Com o brilhantismo e assertividade habituais, o mais recente romance de John Green traduzido em terras lusas é mais um magnífico tributo à complexa adolescência, onde imperam emoções fáceis, dúvidas existenciais e o valor da amizade. É um romance que ao contrário dos antecedentes publicados pela ASA, põe de parte um fatalismo enternecedor focando-se, principalmente, em conotações humorísticas desiguais para fazer uma crítica pertinente à imagem comum dos indivíduos numa das fases mais difíceis do seu desenvolvimento.

Embora as histórias deste autor tenham, geralmente, premissas simples acompanhadas temáticas pertinentes, está mais que comprovada a inteligência de Green nas abordagens que escolhe para as suas personagens, tornando cada texto incomum e especial para o seu público. O Teorema de Katherine, An Abundance of Katherines no original, é a promessa de algo diferente a partir do título, que dá ênfase às estranhezas do enredo que o leitor irá encontrar.

Conhecemos Colin, o protagonista, completamente e absolutamente destroçado após ter sido abandonado, pela décima nona vez, por uma Katherine. Se é irreal o facto de, em tenra idade, este jovem já ter sido deixando tantas vezes, mais surpreendente se torna este facto quando constatamos que todas suas conquistas partilham o mesmo nome, algo que, em momento algum, este prodígio pressagia fatídico – atracção fatal em modo génio, creio.
Em suma, este petiz é das personagens mais absurdamente deliciosas que eu conheci, como aliás a maior parte dos intervenientes, e a sua evolução ao longo do texto coincide com o desenvolvimento de um teorema raro, para não dizer mais, que este crê vir a torna-lo conhecido. Ou seja, não lhe chega a sua capacidade de brincar com anagramas como quem trauteia a tabuada do dois, a sua inteligência muito acima da média e a racionalidade de um adulto de 60 anos acompanhados por uma integridade louvável, Colin quer tornar-se alguém que marcará o mundo e está, durante a maior parte da narrativa, disposto a agarrar-se ao busílis da sua dor para se transformar em algo único – é de chorar a rir.

Hassan, o salvador da pátria em modo obeso e muçulmano, é a figura! Aliás, só podia ser extraordinário para se manter são e se intitular de melhor amigo de alguém tão linear que tem dificuldade em compreender a ironia. Juntos, Hassan e Colin, fazem uma viagem que aparenta ser para salvar o prodígio desgosto mas que, na minha óptica, é provavelmente para evitar a morte prematura de Hassan, viagem que resulta, claramente, na estrada de tijolos amarelos para ambos.
As peripécias vão sucedendo em catadupa para estes jovens e, no seu ponto de viragem, conhecemos Lindsey e a sua mãe, duas personagens surreais, um grupo de amigos quase banal e a maioria dos habitantes de Gutshot – local onde as personagens principais acabam por se cimentar e estabelecer temporariamente. Neste cenário, os intervenientes acabam por se conjugar com diversos e importantes acontecimentos em cadeia que, quando olhados de longe, se entrelaçam na perfeição embora tendam, constantemente, a manter o sobrolho do leitor anormalmente perto do couro cabeludo.

Se o leitor for fã de funções, matematicamente falando – esta leitora arrepiou-se, deve ser o espírito de Pitágoras a rondar – irá certamente deliciar-se com o teorema que Colin tenta elaborar para por fim aos desastres amorosos, mas se não for achará igualmente imensa piada à forma como esta temática se insere no texto. Gráficos e equações algébricas vão desta feita pontuando o texto, assim como palavras estranhas, línguas diversas e as melhores e mais pertinentes notas rodapé que tenho tido o prazer de ler como complemento a uma história.

Porque, como citei anteriormente, existe uma crítica latente ao longo do texto, o autor utiliza caricaturas para satirizar o melhor e o pior dos jovens de hoje, começando pelo sedentarismo de Hassan e a ausência de uma normalidade na infância de Colin que deveria ter sido proporcionada pelos seus pais, passando por olhar para atento ao inverno da vida e terminando com comportamentos recriminatórios de outras tantas personagens clichés de Gutshot, como por exemplo bullying.


Em suma, este é um livro extremamente divertido, ligeiramente sério e com apontamentos que o colocam num patamar à parte dos seus pares. É um livro que tem romance, aventura e muita informação pertinente, o que lhe permite satisfazer leitores de várias idades.

Quem segue o blogue com regularidade já sabe a minha opinião de John Green, ele é o autor contemporâneo que ficará na história pela forma como chega facilmente a uma camada jovem e muitas vezes difícil de conquistar, com palavras que entre lágrimas ou sorrisos os fará pensar além das páginas.
Relativamente à sua escrita, neste título em particular, os diálogos são hilariantes e proporcionam uma fluidez deliciosa à leitura, algo que é complementado com comentários de Green na primeira pessoa em rodapé, o que não só o aproximam de quem lê do autor como esclarecem o impensável muitas vezes espelhado no texto.
É, definitivamente, uma história diferente e que tanto pode ficar na memória dos mais atentos como ser um bom momento para quem procurava algo leve e descontraído para passar o tempo.

Eu gostei imenso, como ficou claro. Não vou dizer que este é o melhor livro de Green – recentemente recordei o quão extraordinário é A Culpa é das Estrelas no cinema – mas não me desiludi porque este senhor é sempre bom no que faz e nos pontos que pretende tocar quando escreve, e este livro não foi excepção.
Espero agora, ansiosamente, por mais publicações suas ou pela tradução de obras em que é co-autor, pois tudo o que vem de si é sinónimo de prazer para mim. Sim, sou fã.

Esta é mais uma deliciosa aposta da ASA que me deu um prazer imenso e que recomendo, obrigatoriamente, para os fãs de YA e como sugestão para os restantes leitores que pretendam arriscar algo fora da sua área de conforto.

Do mesmo autor, no blogue, pela ASA:
À Procura de Alaska (Opinião)
A Culpa é das Estrelas (Opinião)


Título: O Teorema de Katherine
Autor: John Green
Género: Romance; Young Adult; Road Trip

Editora: ASA

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