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A Elphaba...

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sinopse:
Camryn Bennett decide, com a impetuosidade dos seus 20 anos, abandonar um quotidiano previsível e aventurar-se numa viagem sem destino em busca de si própria. Entra num autocarro de longo curso e deixa-se ir ao sabor do momento. É então que conhece a pessoa que irá mudar para sempre a sua vida - Andrew Parish, um jovem que vive a vida intensamente. O espírito livre e aventuroso de Andrew exerce sobre Camryn um poderoso fascínio e, pouco a pouco, vai quebrando as suas defesas, libertando-a das convenções que a impedem de viver plenamente o presente e expondo os seus desejos mais secretos. Sensual e inspirador, Entre o Agora e o Nunca fala-nos do amor, da paixão, do erotismo... e da coragem de vivermos até ao limite sem nos trairmos a nós próprios.


Eu já sabia que este livro era bom, a crítica estrangeira assim indicava de forma quase irrefutável onde quer que eu pesquisasse informações, mas confesso que não estava preparada para tanto.
Abordando temas diversos, pertinentes e actuais, esta é acima de tudo uma das mais belas histórias de amor contemporâneas que eu tive o prazer de folhear, prendendo-me e emocionando-me com as suas personagens extraordinárias e com uma linguagem e uma escrita tão assertivas que vão de encontro a qualquer tipo de leitor.
Entre Agora e o Nunca é maravilhoso porque J. A. Redmerski soube chegar ao âmago de quem lê com algo a que ninguém está imune, através de uma viagem, através da tentativa permanente de descoberta do próprio e do seu encaixe na imensidão que é o mundo.

Quanto Camryn Bennett sentiu a necessidade quase sufocante de fugir de tudo ao seu redor, ficou a um passo cego de descobrir que a sua carência estava mais interligada consigo mesma do que com os outros, que a sua ânsia de ir mais além tinha que ver com as limitações que se auto-impunha a si própria. Mais tarde, ligeiramente mais tarde quando se cruzou com um desconhecido, julgou como sempre havia sentenciado mas o destino acarretou-se de a cativar, de a levar mais longe, de a encaminhar para o que, mesmo sem saber, sempre foi o que desejou.
Iniciar uma jornada condenada à reflexão foi a única decisão que Andrew Parish conseguiu tomar, quando confrontado com a ausência do futuro, quando só lhe restava ir assistir à morte do seu pai. Mas quando Camryn se cruza no seu caminho, uma tela em branco susceptível e ao mesmo tempo plena de oportunidades, depressa o fascínio ultrapassa a fase lôbrega da sua existência e, daí para diante, descobriu que o fim pode ser apenas o começo.
A história traçada para estes dois protagonistas, grandes protagonistas, é um universo de lugares-comuns para qualquer um e, talvez por isso, chegue tão longe e a tantos por falar simplesmente daquilo que nos une, de sentimentos. Esta é uma história complexa na abordagem a um princípio básico de se ser gente, é uma história rica e preenchida nas emoções vulgares, nas emoções fortes.

Com protagonistas dotados de uma intensidade invulgar, em torno dos quais gira tudo o que se revela ao longo do texto, é inevitável uma tendência para divagar sobre os mesmos mas porque me custa focar-me unicamente em intervenientes, no seu exemplo como seres feitos de tudo o que se dá e se oferece, que existe, tentarei mostrar-vos quão imensos são Camryn e em Andrew falando-vos do muito que estes nos levam a reflectir.

Tendo por base uma ligação forte entre a autodescoberta individual e a descoberta do próximo, esta narrativa guia ambos os protagonistas ao desenvolvimento de afectos, de uma forma introspectiva suave e ao mesmo tempo profunda, expondo minuciosamente e de forma poderosa a amizade que criam e que se torna crucial para as suas existências, que acabará por dar lugar a uma paixão inominável, e a um amor que quando exposto está para além do racional. No caso de Cam, por todas as mágoas deixadas pelo seu passado e devido às desilusões do presente, este florescer de sentimentos é muitas vezes dúbio na incerteza que muitas vezes acompanha a entrega. Quanto a Andrew, que claramente está fascinado mas que, ao mesmo tempo, joga um quebra-cabeças pouco claro para leitor, é mais latente o seu desejo de ajudar a nova amiga do que ver cimentada a paixão que parece desenvolver.

Embora toda a narrativa esteja envolvida pelo conceito Road Trip, uma vez que ambas as personagens de conhecem durante uma viagem da Carolina do Norte ao Texas, de autocarro e posteriormente de carro, achei curiosa a pouca importância, em geral, dada ao lugares por onde passaram. Por outro lado, entre os desconfortáveis assentos e as merecidas pausas, a autora soube efectuar um trabalho primoroso relacionado com a libertação individual dos intervenientes, em que cada etapa fortalece a confiança, o crescimento e o espírito de aventura.

Estas duas personagens são, efectivamente, acompanhadas de variados papéis mais secundários mas não vos vou mentir, o valor destes intervenientes só foi tão relevante para mim quanto a sua influência no casal principal. Desta feita, abordagens a questões relevantes como a morte e doenças terminais, dilemas familiares entre irmãos ou o comum divórcio são trazidos por terceiros para o romance, e, sem dúvida alguma, que instigam reflexões pertinentes, mas foi na forma de lidar e ultrapassar os problemas, nas atitudes e introspecção repartida por Cam e Andrew que me centrei.


Por fim, quero apenas sublinhar que esta é também uma história sobre segundas oportunidades, sobre formas de sofrer e formas de se dar, formas de ultrapassar as dificuldades e prestar atenção ao que nos rodeia. Uma história de personagens adultas em desenvolvimento, onde há espaço para o erotismo, para o humor e para a loucura, na mesma medida em que se secam lágrimas, se fazem confissões e se deixa claro o valor da amizade como base para tudo o resto.

Como frisei no início da minha opinião, a escrita de J. A. Redmerski é maravilhosa, a forma como nos envolve e absorve no universo criado para as personagens tem um fórmula perfeita, que nos faz crer na simplicidade quando, na verdade, está a tratar algo extremamente sensível.
As suas descrições espaciais são breves, sendo visível uma dedicação plena às personalidades exploradas, bem como ao campo afectivo, em que tanto as sensações como as emoções passam através das páginas – em boa parte graças aos capítulos intercalados entre protagonistas, que nos permitem duas visões diferentes dos acontecimentos e das vivências.
Ou seja, esta é uma escritora de grande talento e sensibilidade que merece não só atenção por parte do público como todo o mérito que lhe vem sendo atribuído.

Pessoalmente, eu adorei este livro. Ainda agora o ano começou e tenho a certeza que Entre Agora e o Nunca se destacará como um dos eleitos em 2014. Só me resta esperar que a continuação, no original The Edge of Always, seja publicada em português para breve.

Esta é uma grande aposta da Editorial Presença que eu recomendo fervorosamente ás leitoras de romance, mas também ao leitores de literatura contemporânea ficcional em geral.

Título: Entre Agora e o Nunca
Autora: J. A. Redmerski
Género: Romance, Road Trip, New Adult

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6 comentários :

Anónimo disse...

Só falam bem deste livro *.* já o comprei e tudo ihihih

Elphaba disse...

E merece cada cêntimo crazy, o livro é lindo! 5 estrelas *.*

Liℓiαnα☆ disse...

Estou super super super curiosa em ler este livro! *_*

Elphaba disse...

Eu simplesmente adorei *L*, espero que tenhas oportunidade de ler em breve :)

Liℓiαnα☆ disse...

Acabei ontem à noite de o ler, não consegui adormecer até o acabar tal maneira que estava viciada.
Quando à tua opinião, realmente concordo contigo e uma das coisa que mais me "incomodou", foi a pouca importância que a autora dá às cidades que eles passam. Parece ou que estão sempre na estrada ou demasiado tempo no mesmo sitio. Gostava que tivesse explorado mais as cidades, as pessoas, os costumes.
Também fez parecer que raramente almoçavam ou jantavam. Sendo tão metódica em tantos pormenores, como expressões faciais, sentimentos e até nas compras de mercearia que faziam, não sei porque não o foi nesses outros pormenores também relevantes.
Não é um livro nada lamechas, por isso gostei tanto. Tem romance q.b como eu gosto, é sarcástico, divertido, sensual e até tem asneiras e tudo como eu gosto mesmo =P

Mas como referi num outro comentário, só não gostei foi do cliché do final. Sendo uma história que foge do "normal", foi muito cliché e mais para o final do livro tudo se foi tornando previsível.

No entanto não deixou de ser uma boa história, mesmo como eu gosto (tirando o final), mas espero que esse final como já li na tua opinião do segundo volume seja mais explorado e menos previsível e "boring" :)

Elphaba disse...

Como eu comentei *L*, acho que vais gostar. É verdade que extistem alguns pormenores que podem estar em falta mas pensa neles como dispensáveis à narração, se estivesse presentes era possível que achasses o enredo e contextualização demasiado descritiva (sim, tive a pensa nisto nesta perspectiva) :D
Enfim, é efectivamente um grande romance e estou cheia de inveja de ti por ainda teres o segundo para ler <3
Espero que o Andrew te arrebate como fez comigo... tem um óptima leitura :)

Beijinhos*

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