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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sinopse:
Quando a história começa, as personagens principais, Meg Merry e o seu irmão mais novo, Charles Wallace, vivem com a mãe e os irmãos, Sandy e Dennys. Meg tem dificuldade em adaptar-se à escola e sente a falta do pai, um cientista, que desapareceu há mais de um ano enquanto efetuava uma experiência que envolvia viajar no tempo. Um ser estranho de outro mundo visita o lar dos Murry e fornece uma pista importante sobre o paradeiro do Sr. Murry. Meg, Charles Wallace e o amigo Calvin O’Keefe começam então uma viagem perigosa no tempo e no espaço para salvarem o Sr. Murry. São assistidos pelas estranhas visitas dos Murry, a Sra. Quéisso, a Sra. Quem e a Sra. Qual. As crianças veem-se em breve no centro de uma luta entre o bem e o mal, que ameaça destruir a liberdade e a individualidade. Pelo caminho, desenvolvem força, coragem e capacidades que não sabiam ter. Para Meg, em especial, a viagem é mais do que uma aventura ou uma missão para ajudar os outros: é também uma viagem de autodescoberta que muda as suas ideias sobre si própria e as pessoas que a rodeiam.

Não me recordo com exactidão o momento em que me apaixonei por histórias, talvez tenha sido quando ainda não as compreendia, quando eram narradas com voz mágica de mãe, ou apenas mais tarde, quando era enfeitiçada por mundos de faz-de-conta que eu própria criava, em qualquer dos casos, independentemente do momento em que este amor nasceu, é inegável a sua importância para mim ao longo do meu crescimento, a importância da aprendizagem inocente que recebi através de livros como Um Atalho no Tempo.

Fantasia e verdade, conceitos valorosos e erros comuns, são uma pequena parte da aventura intemporal escrita por Madeleine L’Engle, um clássico de tudos e de nadas feito de porquês e de mundos sem fim, que caracterizam os tempos que antecedem um maior amadurecimento e enternecem graúdos com as recordações do que já passou.

Meg Merry e o seu irmão mais novo Charles Wallace, juntamente com um novo amigo, Calvin O’Keefe, vivem neste livro a demanda das suas vidas, uma viagem surreal que desafia a matéria e o tempo para salvar o Sr. Murry, o pai de Meg e Charles Wallace que desapareceu no decorrer de uma investigação científica misteriosa. No entanto, antes de embarcar na viagem fantástica, esta é uma história sobre a dedicação de uma mãe, os problemas da escola e as dificuldades de se lidar com a diferença, bases importantes para compreender o destino destas crianças e para que valorizem o que é correcto quanto as senhoras Quês aparecerem com uma missão de outro mundo.

Em relação às personagens, estas são dedicadas aos mais jovens e facilmente identificáveis, vincadas com os característicos preceitos do crescimento. E, embora me tenha apercebido posteriormente que Charles Wallace é protagonista da trilogia à qual este livro pertence no original, confesso-vos que fiquei rendida a Meg Merry, uma doçura de menina na típica “idade do armário”.
Desta feita, e como não poderia deixar de ser, os verdadeiros heróis da narrativa são três crianças, cada um marcado por personalidades singulares distintas que se modificam com as aprendizagens que vão adquirindo durante a sua viagem pelo espaço e pelo tempo. Charles Wallace é considerado um pequeno génio, extraordinariamente desenvolvido para a sua idade e um grande apoio para a sua irmã Meg que, por sua vez, é mais comum e muito emotiva, recebendo várias lições durante as provações da viagem e levando quem lê a reflectir sobre os afectos. E Calvin, que acaba por se integrar e equilibrar muito bem este pequeno grupo, é o típico rapaz, atractivo e inteligente, que prima por algumas intervenções assertivas apoiando os irmãos que contrastam em afectos e intelecto. 

Com um papel igualmente relevante, carece destacar as senhoras Quêssenhora Qual, senhora Quem e senhora Quéisso – que até ao final mantém o mistério sobre as suas existências, como estrelas que conduzem os três meninos ao Sr. Murry, persongem esta que no final acaba por ser fisicamente mais activo. O texto é pontuado ainda de presenças breves, que vão representando algo no caminho das crianças, entre estas gostei particularmente da Tia Bicho.

No que respeita a ambientes, estes variam entre a normalidade e a magia, com um forte teor de ficção científica e, surpreendentemente para mim, para a distopia também. Acho que os mais novos deixarão passar este pormenor no planeta da Coisa Negra, de tão preocupados que estarão com o vilão, mas para um leitor mais atento esta será uma entre várias gratificações que pontuam o texto.

Relativamente a curiosidades, este livro está pontuado de desenhos simples no início de cada capítulo e recheado de momentos de sonho, que contrastam com alguns sustos. Contém também objectos mágicos e tanto os cenários como as criaturas que vão aparecendo são adaptadas ao imaginário fértil dos mais pequenos. Por outro lado, esta também é uma história bastante didáctica uma vez que a inteligência das personagens faz alusões a temas escolares, em particular a matérias como a matemática e a química.


Em suma, aquela que é para mim uma história gira pelas lembranças que me suscitou, é certamente maravilhosa para aqueles que estão na pré-adolescência e já começam a dar os primeiros passos na leitura.

A escrita de Madeleine L’Engle é própria para o público-alvo sem ser infantil, é até bastante bonita e bem trabalhada, algo que possivelmente terá com a ver com o ano de publicação do livro, 1962.

Para finalizar, acho o livro interessante de um modo geral e fiquei curiosa tanto no que respeita a personagens como a novas aventuras que, no original, dedicadas à família Murry são cinco e posteriormente mais três, dedicadas aos filhos de Meg e Calvin – spoiler, desculpem! Há ainda o filme, já antigo, para os mais interessados. Enfim, este é um clássico com direito a tudo um pouco para os seus fãs.

Esta é uma aposta Oficina do Livro para os mais pequenos, aos quais eu sugiro sem qualquer restrição pela sua intemporalidade e por deixar de fora o supérfluo e o consumismo que hoje está tão intimamente próximo de todos, incluindo os mais novos.


Título: Um Atalho no Tempo
Autora: Madeleine L’Engle
Género: Infanto-juvenil
Editora: Oficina do Livro 

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