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A Elphaba...

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quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Sinopse:
“A família Radley é uma família como tantas outras: mais ou menos disfuncional, mais ou menos satisfeita. Até aqui, tudo bem. Só que os pais, Peter e Helen, têm escondido de Clara e Rowan, os filhos, um segredo arrasador, mas que explica muitas coisas…”


Uma história com dramas surreais, de uma família diferente, que em tudo poderia ser igual à nossa ou a uma família vizinha, não fosse os protagonistas serem vampiros abstinentes!
A belíssima capa que acompanha o livro A Família Radley deixa adivinhar a subtileza e o poder que uma gota de sangue tem sobre algumas das personagens deste livro, surpreendente, esta é uma obra que aborda temas do nosso dia-a-dia comum mas que, no entanto, nos transporta para o universo fantástico.
Matt Haig sabe sem dúvida escrever e como chegar ao seu público, a prova disso é a adaptação, para breve, desta obra para o grande ecrã. Mas para já fica a garantia de que a sua família fará as delícias de graúdos que se irão ver espelhados em muitos dos acontecimentos que contornam a vida dos Radley.


Peter (o pai) está cansado de ser abstinente. O cheiro do sangue da sua vizinha está a deixa-lo louco e a falta que sente da mulher só vem contribuir ainda mais para os seus problemas, mas para culminar o seu drama, ele é o médico de família da aldeia onde reside e tanto o sangue como as pulsações preenchem os seus dias.
Helen (a mãe) age pensando que está a fazer o melhor pelo futuro dos seus filhos, mas o seu passado persegue-a e o desejo de sangue não é opção, e como se não bastasse agora o seu cunhado regressou para despertar velhos problemas. Onde conseguirá esta caricatura de esposa extremosa encaixar o marido na sua ilusória perfeição?
Clara sabe que é diferente, já fez tudo para tentar ser normal mas nada resulta, até ao dia em que um rapaz tenta fazer algo que ela não quer e se vê obrigada a ceder a uma sede que não sabia que existir. Quem é ela afinal e o que será realmente importante si é algo que esta irreverente personagem não tardará a descobrir.
Rowan está cansado de ser gozado, sabe que não é normal pois todo os dias tem de colocar protector de factor 60 para sair de casa, mas isso não implica que lhe façam a vida num inferno, especialmente ao pé de Eve. Para cúmulo agora os pais dizem que é um vampiro! Bem isso explica muitas coisas, mas será ele um monstro? Será Eve capaz de olhar para ele quando souber?

Estes e muitos outros dramas fazem parte desta família que vive para transmitir a ilusão de normalidade, uma família que esconde debaixo do tapete o inimaginável e que sofre, toda ela sem excepção, embora por motivos diferentes.
Quer seja o marido que pondera ser infiel, a esposa que esconde um segredo, a filha que não se percebe a si própria ou o filho que sofre de bullying, todos estes personagens de ficção estão tenuemente ligados à nossa realidade e esse é sem dúvida o grande trunfo desta história que fala de amor, amizade e companheirismo, mas que é a falar da vida, da vida familiar em todos os sentidos em que disfrutamos, com lágrimas, risos e constrangimentos que o autor brilha e marca pela diferença.

O cenária em que desenrola a trama é bastante aprazível em contraste com todo o horror que toma conta dos Radley ao longo das suas aprendizagens, mas este é apenas o primeiro jogo de oposições que o autor coloca ao leitor. Quem se aventurar por esta família deverá contar com ligações de amor-ódio, verá esmiuçadas todas as questões ambíguas que fazem parte dos diversos tipos de relacionamentos e constatará que não existe nada que não tenha a sua mácula.

Outro dos pontos fortes da narrativa são as relações que estabelecemos entre os que nos são próximos, quer sejam afectivas ou legitimas todas elas encontram-se linearmente expostas e proporcionam à leitura momentos expectantes com um aumento da carga emocional.

No que diz respeito à escrita, o autor Matt Haig nem sempre facilita (em apreciação pessoal), expondo os factos por vezes na terceira pessoa, mas é através de capítulos breves, títulos pertinentes e intercalando o raciocínio de cada interveniente na história, e até mesmo com o “manual do abstinente”, que por outro lado este consegue revelar a sua magnificência, pelo que esta é uma leitura onde encontraram diversos estados de espirito, ora se sentiram vorazes por saber mais, ora mais consideraram a leitura mais morosa e introspectiva permitindo introduzir todos os conceitos expostos na obra. Esta não deixa, ainda assim, de ser uma leitura que vos cativará pela dinâmica que o autor consegue atingir e pela facilidade com que mistura duas realidades tão discrepantes, o retrograda conceito familiar no seu sentido mais legitimo com as inovações do vampirismo.

Só posso sugerir que arrisquem nesta leitura pouco convencional, de um autor a seguir de perto pela sua sagacidade e perspicácia que surpreenderá os leitores mais exigentes. Uma aposta Bertrand.

Título: A Família Radley
Autor: Matt Haig
Género: Fantástico
Editora: Bertrand

3 comentários :

Sufocada disse...

Adorei a tua opinião e fiquei bastante curiosa com este livro. Já tinha estado com ele na mão há uns dias.

Beijinhos :)

Elphaba disse...

Obrigada Catarina, espero também que aprecies esta leitura. Beijinhos*

Rita disse...

Gostei bastante da tua opinião e dos temas abordados no livro. Irá certamente para a minha wishlist. :)

Beijinhos.

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