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A Elphaba...

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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sinopse:
Partridge é um Puro. Escapou incólume às detonações atómicas destinadas a exterminar grande parte da humanidade porque pertencia à elite protegida no interior da Cúpula. Os restantes que no exterior conseguiram sobreviver às explosões, ficaram deformados com mutações terríveis. Contudo, Partridge decide abandonar o mundo seguro da Cúpula para viver com os mutantes. E agora essa elite, sob as ordens de Willux, pai do jovem, desencadeia uma aterrorizadora operação para o obrigar a regressar.
Porém, ele sabe que pode contar com o apoio dos seus companheiros: Pressia, a jovem determinada a descobrir os segredos do passado; Lyda, a guerreira; Bradwell, o revolucionário; e por fim El Capitan, o guarda. Juntos organizam um grupo de guerrilha para pôr termo a um plano secreto e diabólico que está a ser arquitetado pela elite científica da Cúpula. Se conseguirem vencer, milhares de vidas serão salvas mas, se falharem, a humanidade irá pagar um preço demasiado elevado.

Maravilhoso, simplesmente maravilhoso.

Depois de um primeiro livro extraordinariamente bem escrito que descrevia o horror com palavras tão belas que tocaram o meu âmago, não pensei que Julianna Baggott pudesse ir mais longe, que pudesse retalhar e enfatizar, aprimorar e transformar ainda mais os retratos resultantes da ambição e negrume humano, mas conseguiu. Julianna Baggott conseguiu surpreender-me, continuou a cativar-me e embalar-me, distorcendo conceitos com a sua melodia dissonante até ao último, breve, capítulo, até levar ao máximo o significado deste título, Fusão.

Brincando com as metamorfoses, do corpo e da alma, do próprio mundo, a trilogia Puros é provavelmente uma das ficções científicas para jovens adultos mais originais e impactantes que tive o prazer de ler em muito tempo. É uma obra que, no seu todo, transcende o seu forte cariz de entretenimento, sendo passível de uma reflexão e análise profunda a temáticas tão contemporâneas quanto universais, enquanto explora personalidades comuns, empáticas, em evolução, em mutação contínua com o próprio universo representado.

Gosto muito da sinopse deste livro, bem conseguida, ela não revela quase nada mas permite ao leitor intuir o que poderá encontrar. No entanto, confesso-vos que eu não sei se conseguirei fazer o mesmo nesta opinião, sendo possível que venha a cometer algum spoiler para quem não leu o volume anterior, Puros. Perdoem-me.

A narrativa começa onde a antecedente terminou, com muitas pistas por desvendar e mortes, com novas esperanças a abrir as asas para novos pesadelos. As vozes alargaram-se e, para lá de Partridge e Pressia, Lyda e El Capitan oferecem-nos os seus olhares, diferentes, sobre esta realidade tão similar e ao mesmo tempo tão dissonante de tudo o que conhecemos. Mais batalhas, pessoais e conjuntas, mais sentimentos e com eles novos medos passam a fazer parte da trama, agora que a Cúpula e o seu verdadeiro significado se revelaram, agora que as estratégias de combate trazem novos guerreiros e novas perdas, agora que várias frentes tentam desesperadamente reverter o irreversível, enquanto de adaptam e conformam com as suas actuais existências, verdadeiras armas, mais fortes que nunca para destruir o inimigo comum.

Pressia, Partridge, Lyda e El Capitan são quatro vidas únicas, maculadas, intensas e fortes, destemidas e temerosas que, se aprofundadas, mereciam extensos comentários individuais, desta feita vou falar de cada um enquanto divago (leram bem, vou divagar), procurando mostrar o que cada um deles dá ao texto, mas prometo-vos que tentarei ser sucinta, começando por dispensar o parágrafo que normalmente reservo para as personagens.

Mantendo os atributos anteriores mas perdendo alguma da inocência, Pressia continua a ser um elo de ligação entre as personagens, ganhando coragem, tornando-se destemida e ousada com a descoberta de que a realidade que a modificou pode ser ainda mais complexo do que julgava. Ela expõe o desejo de todos os que anseiam ser imaculados, ela sabe ser apaixonante e apaixona-se, mostrando-se cada vez mais inteligente neste mundo e estando cada vez mais próxima de importantes novidades, mesmo que se encontre fisicamente mais distante do mal.

Partridge, por seu lado, continua bastante ligado às questões emocionais da história e pode ser considerado o mais fraco, ou o mais lento, mas o seu olhar sobre a Cúpula é fundamental, como fio condutor à insurgência, à diplomacia de uma ditadura, proporcionando revelações chocantes. Novas tecnologias, manipulações psicológicas e o impacto do presente no passado – algo que a Pressia, por exemplo, não têm –, são parte do que os seus olhos nos oferecem, isso e o seu papel efectivamente crucial no futuro.

Quanto a Lyda, já outrora relevante, ganha um novo ênfase, agora despojada da redoma pueril em que cresceu. Gostei muito do seu papel, de a ver entre as Mães – mulheres que ficaram fisicamente unidas, Agrupadas, aos seus filhos durante as detonações. Este cenário conferiu-lhe um amadurecimento extremo e o seu espírito de sacrifício é marcante, brusco, tal como as suas dúvidas e as lutas que acaba por ter de enfrentar. As suas dicotomias são muito interessantes.

Por fim, El Capitan é aquele que mais evidencia as dramáticas mutações, por vezes o mais frio, quase cruel, foi quem mais me emocionou. É através deste que o leitor assiste a bases da nossa sociedade distorcidas no texto, são disso exemplo a religião e os seus mártires. A nível íntimo, possivelmente por se ter tornado tão selvagem com o passar do tempo, foi fantástico vê-lo ganhar consciência, afectos e uma noção de humanidade que se julgava perdida. Sofreu uma grande reviravolta relativamente ao livro anterior.

Para lá do que já citei, juntamente com os protagonistas, tenho de admitir que o enredo ganhou nuances mais românticas do que eu estava espera, mas bem-vindas, afinal de contas tanto ódio e revolta tinham de ser equilibrados.
Pequenos novos factos revelados, bem como histórias que se cruzaram e influenciaram os intervenientes, foram também mais-valias agradáveis que, juntamente com novos ambientes e a exploração mais profunda de cenários anteriores tornaram este livro refrescante a cativante. Continuei a chocar-me com o muito que li, com o surreal e o desumano expostos, com os recentes horrores e outros tantos que permaneceram nas sombras e agora são alumiados.

E para terminar, continuo a adorar a escrita de Julianna Baggott. Apesar de este ser um título de muita acção e desenvolvimento, a sua inteligência e originalidade estão para lá dos factos, estão em grande parte nos paralelismos, nos alertas e forma sublime como os cruza com a sua ficção incomparável. É uma autora cinco estrelas.

Esta é uma aposta Editorial Presença que eu aguardava ansiosamente, assim como agora estou expectante com o último livro da trilogia, Burn, já publicado no original. Mesmo para quem não é fã destes géneros literários, ficção científica, distopias, esta é uma história que eu recomendo vivamente, sem qualquer tipo de restrições.

Da mesma autora, no blogue:
Puros, Livro 1 – Opinião



Título: Fusão
Autora: Julianna Baggott
Género: FC; YA; Distopia
Editora: Editorial Presença

Para mais informações sobre o livro Fusão, clique aqui.





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