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A Elphaba...

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domingo, 1 de julho de 2012

Sinopse:
Torre de Vigia é o primeiro romance da trilogia medieval de Ana María Matute.
Decorrendo numa Idade Média mítica, mágica e sensual, trata-se de um singular romance de cavalaria, onde se narram, na primeira pessoa e com uma sensibilidade moderna, os anos de formação e de aprendizagem de um jovem cavaleiro, no decurso de um enredo repleto de heroísmo, superstição e barbárie.
A descoberta do mundo e os conflitos inerentes, a memória, a saudade e a dificuldade para estabelecer relações na infância e na adolescência marcam os primeiros anos do jovem cavaleiro, preso a um mundo onde tudo se rege por instintos primários e febris e no qual o amor, o ódio, a violência, a solidão, a crueldade e a nostalgia, alternando-se, desvelam um universo inquietante e misterioso, sem deixar de se revelar selvagem e passional.

A Torre de Vigia remete-nos para a natureza crua de uma época indefinida, de aparência medieval, sem no entanto se perder em floreados com que o leitor possa estar familiarizado. Nesta história o pão é seco como a alma deixada pela guerra e o chão é duro como o corpo esforçado pela falta de dignidade.


O nosso herói é confuso e melancólico e, embora seja o quarto filho de um senhor, não é melhor a sua sorte que a de qualquer mendigo até à idade em que partirá para ser armado cavaleiro. A sua infância é marcante e demarca sagazmente o frio que domina toda a obra, onde as alusões ao maravilhoso se infiltram cadenciadamente e paralelas à ausência de afecto de gentes rudes e cultura, aos nossos olhos, tão pouco humana.
Quando é chegada a hora da partida, para que seja comprido o destino na corte de Mohl, é lograda a sorte de bonança mas mantém-se a fé, que se concretiza, de melhorias na existência deste interveniente, sem nome, que lentamente perde a sua inocência ao mesmo tempo que abre a sua mente para reflexões superiores.

Esta é sem dúvida uma narrativa pouco usual que foge aos parâmetros habituais devido ao facto de acção, no seu todo, se encontrar estagnada. Propícia à reflexão, serão usuais os momentos de introspecção para que se consiga alcançar a dimensão pretendida sem que quem lê, assim como a voz do livro, se perca na intermitência constante entre a realidade e o sonho, entre as visões e os actos que criam a ilusão mística de algo que se encontra muito para além do que está descrito nas linhas da narrativa.

Ana María Matute tem na sua escrita o trunfo da sua obra.
Com uma lírica muito bonita a autora espelha no seu texto o amadurecimento da palavra que, de certa forma encantatória, prima por um ritmo lendo, arrastado, quase silencioso, absolutamente meditativo.
As descrições, no seu todo, encontram-se extramente detalhadas e cada pormenor de espaço ou personificação é habilmente retratado, pelo que acção no seu todo, embora escassa, é bastante perceptível.
A ausência de diálogos é surpreendente, sendo a oratória da personagem anónima tudo aquilo a que temos acesso, talvez por isso, e devido às suas características particulares, nem sempre a leitura seja fluida o que não retira, pelo contrário, o mérito da autora.
Uma narrativa diferente, para um público selecto, que nem todos conseguirão alcançar mas que compensará, sem dúvida, os que correrem o seu risco pela experiência singular.

Pessoalmente não consegui criar grande ligação com o interveniente e mesmo agora encontro-me ainda a reflectir, ponderar, sobre os valores que retirei desta leitura.
Palavras como melancolia, solidão, crescimento e aprendizagem, assim como insegurança, incompreensão e perda estão latentes na minha memória agora que terminei o livro e se a bem verdade, confesso, esperava encontrar um pouco mais de guerra e estratégia por se tratar de uma história medieval, a ausência de paixão impossibilita a ligação com o leitor, mesmo quando esta se desenrola. Não terá este facto algo de fascinante?
A superstição é um dos factores fundamentais e como leitora senti-me profundamente intrigada pela espera, o adensar do mistério, que se construiu e envolveu os momentos cruciais da acção, no entanto a ausência de emoção, mesmo nesses instantes, marcou a minha leitura.

Este livro é uma aposta da editora Planeta Manuscrito numa autora permeada que trabalha página a página com esmero a sua escrita. Este é o primeiro romance de uma trilogia medieval que eu sugiro a leitores que apreciem, de forma particular, um bom texto coma mente aberta para novas realidades.

Título: A Torre de Vigia
Autora: Ana María Matute
Género: Romance
Editora: Planeta Manuscrito

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