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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sinopse:
“Já se passaram três meses desde que todos os que tinham menos de quinze anos ficaram encurralados na ZRJ.
Três meses desde o desaparecimento de todos os adultos.
A comida esgotou-se há várias semanas.
Todos têm fome, mas ninguém se dispõe a encontrar uma solução. E a cada dia que passa são mais os jovens que sofrem mutações e adquirem capacidades sobrenaturais que os distinguem dos que não têm esses poderes.
A tensão cresce e o caos reina na cidade.
São os «normais» contra os mutantes. Cada um luta por si, e até os melhores são capazes de matar.
Mas avista-se um problema ainda maior. A Sombra, uma criatura sinistra que vive soterrada no coração das montanhas, começa a chamar alguns dos adolescentes da ZRJ. A chamá-los, a guiá-los, a manipula-los.
A Sombra despertou.
E tem fome.”


Uma história que ultrapassa todos os limites da sanidade, em que a vida e a morte estão demasiado próximas e os pesadelos são mais reais do que alguma vez se imaginou possível.
Uma história de gente pequena que irá mexer com os graúdos. Preparem-se, quando julgarem que o pior já passou a ZRJ irá provar-vos que o limite da lucidez, do medo e do terror ainda nem sequer foi testado.
Um livro emocionalmente chocante que foi explorado de forma magnífica pelo autor Michael Grant que mais uma vez surpreende tudo e todos no seu universo de ficção científica, desta vez a rainha é a Fome e ela atingirá o âmago de cada um e não olhará a meios, nem a obstáculos, para se saciar.

Num momento em que quase todos encaram a morte como uma bênção, muitos são os que não se fazem de rogados a matar para alcançarem um pedaço de comida. O bom senso e os afectos são conceitos escassos nestas curtas vidas sem infância, que estão perdidas, submissas ao desconhecido. Cada dia pode ser o último e tudo o que conheceram até ao fatídico dia em que os adultos desapareceram deixou de fazer sentido.
Como se não bastasse a selvática Fome que toca a todos e o drama social de não haver adultos agora a guerra entre grupos está eminente, desta vez não são os miúdos pobres contra os ricos, mas sim, os «normais» contra os «anormais». Cada vez mais miúdos estão a adquirir poderes que são verdadeiras armas mortíferas e num instinto de autodefesa, complexo de inferioridade, ou puro medo, os «normais» estão a recorrer a armas de fogo para se revoltarem e expressar a opressão que sentem. Matar não custa mas sobreviver, por sua vez, tem um preço demasiado elevado.

Este é um livro que, embora não tenha personagens principais extraordinárias, consegue de forma global ser excelente, em conjunto todos os intervenientes dão vida ao enredo na perfeição. Uma história que é feita por crianças para reflexão de adultos, uma história que arrepia e impressiona a nível social, onde o horror está vivo e modifica-se sempre para pior, numa narrativa em que a sobrevivência é lei e o medo, o medo transmitido ao leitor, é levado ao limite.
Eu senti medo.

No que diz respeito aos personagens o autor, contrariando muitos clichés, não se faz de rogado a retirá-las de cena, quer sejam acarinhadas pelo leitor, ou repudiadas, todas elas são postas à prova chegando mesmo a ser postas de parte, definitivamente. Tutoras de crueldade, ou fio condutor ao real, será nelas que veremos abordadas questões proeminentes dos adolescentes e crianças do nosso mundo, a depressão, bulimia e o bullying são os mais evidentes. Portadoras de tensão e criadoras de eventual suspense elas, as personagens, suspenderão a respiração mas será o batimento cardíaco de quem lê que ultrapassará os limites aconselhados, dando vida a uma leitura sofrida, que embora sem lágrima carrega o peso de um título que se faz sentir até à medula, a Fome.

Fora tudo o que apresentei anteriormente, as questões levantadas no primeiro livro Desaparecidos mantêm-se, quer os bebés de colo que ficaram ao abandono, quer os incapacitados, continuam a ser os únicos inocentes que, apesar de estarem ao cuidado de outras crianças, continuam a ter a capacidade de mexer com o leitor. Inocentes, agora subnutridos, que aos 4 anos de idade tem de passar a agir por sua conta em risco, passam de bebés inconsolados, para crianças carentes o que leva a mais uma situação limite.

Este é um livro ideal para quem gosta de ficção científica ou de fantasia, num sentido mais lato, tendo em conta as criaturas mutantes e as mutações das próprias crianças que complementam um verdadeiro pesadelo a tudo o que já está a ser experimentado pelo autor. O romance por sua vez é ténue, quase inexistente, ainda que esteja a desabrochar de forma inocente entre alguns pares, servindo como apoio ou incentivo para resistir mais um dia nesta narrativa que se aproxima muito mais do género terror.

Sou mais do que fã de Michael Grant e da sua escrita, terra a terra, que carrega uma fluidez impressionante na forma decrescente como nos prepara para um momento catastrófico o que apenas contribui para enaltecer a grandiosidade da obra que apresenta. Em frases simples mas num universo complexo o autor consegue expor um sem número de situações onde mistura sentimentos reais com o mais surreal dos cenários proporcionando, sem qualquer dúvida, uma grande experiencia literária.

Este é um livro que não aconselho a pessoas susceptíveis, mas sim a todos aqueles que ousarem experimentar um ensaio sobre uma catástrofe.
Convido-os, assim, a entrar nesta nova realidade e a experienciar o inimaginável, convido-os a abrirem as portas a alguns pesadelos que desconheciam. Um leitura imperdível e a continuação, em minha opinião, de uma das melhores apostas de sempre por parte da editora Planeta Manuscrito.

Título: FOME
Autor: Michael Grant
Género, Ficção Científica
Editora: Planeta Manuscrito

5 comentários :

Morrighan disse...

Não tinha ideia de esta série ser tão boa... Acho que vou levar o Desaparecidos comigo nas férias também :o

Obrigada pela tua opinião :)

Beijinho

Elphaba disse...

Muito boa mesmo Sofia... E começei a ler por tua causa, ganhei o Desaparecidos num passatempo no teu blogue :D

Espero que gostes. Beijinhos*

Rita disse...

Tinha ficado curiosa relativamente aos livros, quando saiu o primeiro volume. Mas também não tinha noção que era assim tão bom. Tenho mesmo de experimentar. :)

Beijinhos. :)

Elphaba disse...

É muito bom mesmo querido, se gostas nem que seja um bocadinho de Ficção Científica este livro é muito bom. Talvez a título de comparação tenhas a série Uglies, mas a série Lost do Michael Grant é muito melhor!

Depois quando leres dá-me feedback. Beijinhos*

Rita disse...

Ainda só li um livro e contos dentro desse género literário, mas gostei do que li. Em especial quando a FC aborda os temas que mencionas na tua opinião. Em relação à série Uglies, tenho curiosidade em ler, mas ainda não tive oportunidade...

Mal tenha oportunidade, fá-lo-ei. Beijinhos. :)

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