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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Sinopse:
Quando Varvara, uma jovem órfã polaca, chega à ofuscante e perigosa corte da imperatriz Isabel em Sampetersburgo, é iniciada em tarefas que vão desde o espreitar pela fechadura até à arte de seduzir, aprendendo, acima de tudo, a ser silenciosa – e a escutar.
Chega, então, da Prússia Sofia, uma frágil princesa herdeira, a potencial noiva do herdeiro da imperatriz. Incumbida de a vigiar, Varvara em breve se torna sua amiga e confidente e ajuda-a a mover-se por entre as ligações ilícitas e as volúveis e traiçoeiras alianças que dominam a corte.
Mas o destino de Sofia é tornar-se a ilustre Catarina, a Grande. Serão as suas ambições mais elevadas e de longo alcance? Será que nada a deterá para conquistar o poder absoluto?

Li este livro ainda em 2014 e foi provavelmente um dos melhores do ano; foi efectivamente umas das melhores ficções históricas que tive o prazer de ler na minha vida.

Numa época em que o equilíbrio de poder era tão instável quanto os humores do seu governante, Eva Stachniak construiu uma narrativa transparente na representação da beleza e da crueldade que tomou o punho de uma Rússia alicerceada na traição, uma narrativa sobre a imponência e o poder contidos na capacidade de se sobreviver através do silêncio e dos sussurros sob o mais perigoso dos olhares.

O Palácio de Inverno fala-nos de várias existências em paralelo pela perspectiva de uma jovem espia, uma protagonista com o futuro predestinado que arriscou e venceu, na mesma medida em que acreditou e se arrependeu. O Palácio de Inverno é um livro intenso, é um livro denso e complexo que na sua intriga transcende a ficção, cativando, prendendo o leitor à sua teia inesquecível.

As excentricidades da Imperatriz Isabel, as suas loucuras, medos e devaneios, as suas paixões e glórias arrebatadoras e a sua crueldade camuflada de misericórdia são apenas a ponta de um dos muitos véus que conhecemos e vemos ser levantados, página após página, até à ascensão de Catarina, a Grande, anunciada na capa. Os caminhos destas duas mulheres são imensos e logo que se cruzam nasce um falso afecto e muitas incertezas, um reflexo palpável dos muitos perigos que farão parte constante da vida de Varvara. É o princípio do fim e um novo ciclo que se inicia. É, toda a obra, o espelho manchado da nobreza e da corte russa do século XVIII.

Entre os muitos atributos de excelência deste texto, a concepção das personagens, a passagem do tempo e a sua evolução são algo fascinante que me marcou profundamente. Como se de um teatro vivo se tratasse, quem lê é absorvido para as personalidades descritas, para uma roda-viva de emoção que torna cada um especial. Amor e ódio, ausência de perfeição e pecado, são parte do que abraça cada uma das protagonistas, envolvidas e contagiadas por aqueles que as rodeiam, que as transformam da decadência à opulência e visse versa. Mudam-se os segredos, as facções, o lado de quem está a razão e a razão deixa de ser importante pelo preço de estar vivo, pela ambição ou simplesmente pelo mais frágil lado do humano, o seu coração. Não há inocentes, há vencedores, vencidos e sobreviventes numa guerra fria entre cortinas, por detrás de paredes e em alcofas escondidas, com Varvara, Catarina e Isabel a centralizar toda a atenção do leitor.


A obra é um mesclar perfeito da ficção e da história, embora a segunda me seja desconhecida mas nem por isso menos interessante. Acredito, piamente, na possibilidade dos enganos, das traições e das guerras, no temor do corrupto e do corrompido, na importância dada ao efémero para suportar o peso se uma nação sensível, marcada por mulheres tão dependentes de homens quanto temidas por estes. É um cenário extraordinariamente frio, belo e assustador, um cenário que também fica marcado pela amizade e pelo amor, pelas cicatrizes que estes sentimentos deixaram mesmo que não tenham perdurado.

Enfim, é uma história de qualidade imensa pelas palavras de uma autora de talento incontestável e que eu, sinceramente, gostaria de reler para vos voltar a falar sobre ela, pois o que tenho agora para vos oferecer são apenas as sensações que perduram meses depois – emocionalmente longos meses depois. Uma coisa é certa, este é um título para todos os amantes de literatura e ao qual nenhum ficará indiferente.

Uma aposta maravilhosa da Casa das Letras que recomendo fervorosamente e sem qualquer restrição, não se irão arrepender.


Título: O Palácio de Inverno
Autora: Eva Stachniak
Género: Romance Histórico
Editora: Casa das Letras








2 comentários :

Neptuno_avista disse...

Vi esse livro na biblioteca há uns dias. Virá comigo da próxima vez que o vir, isso não há duvida :)
Beijinho

Elphaba disse...

É tão bom Neptuno, mas tão bom. Eu só tenho pena de ter levado meses para escrever a opinião porque... é excelente. Mesmo.

Boas leituras, beijinho*

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