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A Elphaba...

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quarta-feira, 19 de março de 2014

Sinopse:
Na Inglaterra dos nossos dias, bruxos e humanos vivem aparentemente integrados. Na realidade, os bruxos têm a sua própria sociedade secreta, as suas regras e a sua guerra, que divide os Bruxos Brancos, considerados «bons», e os Bruxos Negros, odiados e perseguidos pelos Brancos. O herói, Nathan, é filho de uma Bruxa Branca e de um Bruxo Negro e, portanto, considerado perigoso. Nathan é constantemente vigiado pelo Conselho dos Bruxos Brancos desde que nasceu e aos 16 anos é encarcerado e treinado para matar. Mas Nathan sabe que tem de fugir antes de completar 17 anos e a sua determinação é inabalável.

Confesso que quando soube que iria ler esta história, sobre um bruxo adolescente, me senti receosa – afinal de contas houve um bruxo que em tempos me marcou e desde então li apenas cópias mais fracas do seu sucesso – mas felizmente tenho muito que agradecer a Sally Green. A autora fez de Half Bad – Entre o Bem e o Mal uma narrativa incomum e com a capacidade de suscitar de imediato o interesse do leitor que, de forma quase sôfrega, se vê preso à intermitência da vida descrita nestas páginas.

Violento, emotivo e repleto de intensidade coerente, este é um texto refrescante que conjuga na perfeição o choque imposto pelas sociedades distópicas – através das regras tirânicas dos Bruxos Brancos – e a credibilidade de se passar na actualidade, com um protagonista forte que, devido ao seu diálogo directo, toca quem lê pelos contornos perturbadores da sua existência disfuncional.

Quando se vive dentro de uma comunidade secreta em guerra, Bruxos Brancos contra Bruxos Negros, ter no sangue uma parte de cada estirpe significa ter um estigma inultrapassável e que nos destaca negativamente desde a nascença. E quando este pesado fardo é raro, controlado e repudiado por todos, incluindo um membro próximo da nossa família, a ostracização é algo com o qual se tem obrigatoriamente de aprender a viver. Por tudo isto, Nathan, a personagem principal, caracteriza-se por uma personalidade forte aliada a um espírito sofredor, acostumado ao trato indigno e sujeito à constrangedora avaliação do Conselho de Bruxos Brancos – sob a pena de pagar um custo elevado se tender para o lado errado do seu sangue.
Mas nem tudo é sombrio, o nosso jovem conta com o apoio de dois dos seus três irmãos e da sua avó, que o educa com base em valores louváveis, conhecendo assim a estima e o amor que permitem que, mais tarde, se venha a apaixonar e, consequentemente, a marcar o seu destino rumo ao exílio.
Uma coisa é certa, Nathan pode sujeitar-se a tudo desde que aos 17 anos receba os seus três dons de bruxo, algo pelo qual está disposto a lutar mas que todos os que o sempre consideraram o rosto do inimigo estão determinados a controlar.

Como ficou claro até ao momento, o protagonista deste enredo, que serve de fio condutor a tudo o resto na história, tem um carácter e personalidade aguerridos, encontra-se entre um caminho de luz e escuridão e tem uma mente difícil de subjugar, algo que chega a ser assustador e que o torna temível, levando a que seja constantemente dominado pelas mais horríveis formas de repressão. Todavia, são várias as personagens que pontuam o texto, independentemente da facção a que pertencem, e que contribuem para tornar a narrativa mais emocionante.
A maior parte da família deste herói com traços de vilão, traz para o texto a generosidade, a bondade e a simpatia que seria de esperar e, da mesma forma, é enternecedor ver florescer a amizade entre Nathan e Annalise em tenra idade. Ainda assim, foram intervenientes como Mercury e, particularmente, Celia que me encantaram com o seu jeito retorcido de ser, fascinante e repudiante em simultaneo, provocando-me sentimentos ambíguos – algo que aconteceu com muitas outras personagens, igualmente interessantes, que cruzam o caminho de Nathan.

Para lá dos intervenientes e do enredo fantástico actual, esta história tem diversas abordagens apelativas que complementam a trama central, todas elas com uma intensidade emotiva que não permite a indiferença. Da família desigual marcada pelo drama ao bullying, exercido sobre protagonista, e o estranho trato das relações afectivas, gostei igualmente da crítica subentendida ao preconceito, dos laivos de humor, quase mórbidos, conseguidos por personagens como Raquel e tudo o que é permitido questionar através de Gabriel, ou seja, o que não faltam são pontos de interesse consecutivos ao longo dos muitos momentos chave do livro.

Já no que respeita ao maravilhoso, à sociedade dos Bruxos Brancos – já que os Negros pouco ou nada permitem antever –, fiquei chocada com a dicotomia desta comunidade enquanto entidade, pela forma como se intitulam bons e atingem um nível de perversidade tão elevado. A violência, levada a cabo por estes indivíduos, revolveu-me as entranhas e os seus actos praticados em nome do bem foram de tal maneira repulsivos que os seus poderes de bruxos, embora interessantes, ficaram à margem do esperado – caíram do pedestal e apenas de fizeram recordar o pior da índole humana, choquei-me e surpreendi-me o que foi uma sensação deliciosa.


Em suma, este é um livro que irá agradará ao leitores deste género que procurem algo novo no mercado de entretenimento mas que, no entanto, devem ter em atenção à brutalidade de algumas cenas descritas, pouco recomendáveis a leitores susceptíveis, e ao final célere que deixa muito por explicar.

Quanto à escrita de Sally Green esta é simples, fluida e frontal, pouco dedicada às descrições e bastante direccionada para os diálogos. O facto de a história ser narrada pelo protagonista, que se dirige directamente ao leitor, permite a criação imediata de empatia e uma perspectiva atractiva do mundo ficcional, algo complementado com a sua psique perturbada e as suas emoções conflituosas.

Confesso que fiquei bastante curiosa para saber o que segue e que me considero positivamente surpreendida pela história, que soube criar uma dose certa de impacto e envolver-me nesta nova versão mágica do nosso mundo.

Esta é uma deliciosa aposta da Editorial Presença para miúdos mais maduros e graúdos que, certamente, irá dar que falar aos fãs de fantasia.


Título: Half Bad – Entre o Bem e o Mal
Autora: Sally Green
Género: Fantasia
Editora: Editorial Presença





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