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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sinopse:
Uma ilha misteriosa. Uma casa abandonada. Uma estranha coleção de fotografias peculiares.
Uma terrível tragédia familiar leva Jacob, um jovem de dezasseis anos, a uma ilha remota na costa do País de Gales, onde vai encontrar as ruínas do lar para crianças peculiares, criado pela senhora Peregrine.
Ao explorar os quartos e corredores abandonados, apercebe-se de que as crianças do lar eram mais do que apenas peculiares; podiam também ser perigosas. É possível que tenham sido mantidas enclausuradas numa ilha quase deserta por um bom motivo. E, por incrível que pareça, podem ainda estar viva as...
Um romance arrepiante, ilustrado com fantasmagóricas fotografias vintage, que fará as delícias de adultos, jovens e todos aqueles que apreciam o suspense.

Esta poderia ser uma história mágica, de heróis prodigiosos e narrada para encantar. Poderia, igualmente, retractar com profundidade o imaginário pueril, realizar sonhos e alcançar as suas infinitas possibilidades mas, como poderiam, como podem as sombras superar os medos? Como podem as proezas ultrapassar a realidade? E como podem as crianças absorver o mundo quando estão encurraladas num minúsculo retalho de terra, de tempo, em que nada chega realmente a ser? Não podem. As crianças simplesmente vivem todas as singularidades que O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares tem para oferecer.

Um texto diferente, de contornos atraentes devido à sua apresentação e com uma intensidade mística incomum são os principais pontos apelativos que o autor Ransom Riggs reuniu na sua fábula que, subtilmente, mistura ficção e realidade envolvendo totalmente e com facilidade o leitor que, quando se aperceber, já estará tão ansioso quanto o protagonista pelas descobertas únicas que o aguardam.

Quando era inocente, Jacob ouvia atentamente as histórias do seu avô e permitia-se assustar, tanto quanto fascinar, pelas jovens personagens descritas com capacidade inimagináveis. Mais tarde, com a maturidade, Jacob sentiu-se ludibriado, sentiu que o seu avô se perdia e, um dia, deu por si também completamente perdido e aterrorizado perante as pistas que o avô desenterrou do passado para a sua vida normal. Agora, com um local em mente e a vontade de desvendar todos os míticos segredos, Jacob parte para um ilha que fugiu à passagem do tempo, no País de Gales, e consigo levará o leitor para uma viagem mágica, perigosa e apavorante onde a normalidade escasseia e a peculiaridade floresce no princípio da infância, tal e qual como floresceu no final da vida do seu avô.

Mais do que interessante, este livro apela aos sentidos do leitor graças a uma forte capacidade de causar suspense. Ao longo do enredo, as inúmeras fotografias vintage suscitam estranheza e fascínio pela coerência com que se enredam com a trama de traços desiguais, desenvolvida entre duas épocas tão distintas quanto o seu núcleo de intervenientes, que vamos conhecendo, e que fazem com que quem lê tenha cada vez mais enigmas e mistérios para desvendar, são dilemas para os graúdos que ao mesmo tempo se sentem a espreitar para uma história infantil sem ingenuidade.

As crianças descritas, peculiares, são ambíguas nos sentimentos que transmitem. Os seus poderes que permitem antever o maravilhoso são ao mesmo tempo uma maldição e as suas características psicológicas, estranhas naqueles tenros corpos, prendem o leitor a uma realidade a que é impossível ficar-se indiferente.
Jacob, o protagonista que nos leva para este novo mundo, é um elo credível neste espaço de ilusões e é impossível, desde muito cedo, que não se estabeleça consigo uma ligação devido à sua empatia e emoção face ao extraordinário, face aos afectos conflituosos que este jovem sente durante as várias partes do livro.

No geral, este texto tem a capacidade de envolver devido impacto constante causado pelas suas ilustrações, bem como pelas muitas surpresas que vão sendo reveladas. E, embora este não seja o melhor livro de sempre, é certo que esta obra marcará pela diferença.

Ransom Riggs tem uma escrita bonita e fluida que, apesar de simples, é particularmente dirigida a um público maduro com saudades de pequenos contos de horror.
No que respeita às suas descrições, elas tendem a criar uma aura sombria que envolve todos os acontecimentos, algo que é bem conseguido e que durante toda a leitura confere um carácter tenebroso que seduz e contrasta através da beleza escondida em cada criança. (Todos sabemos como as crianças podem ser contraditórias e, ainda assim, o melhor do mundo.) Facto é que, aliado ao medo e maravilhoso, existem muitos segredos que acompanham a acção constante e a motivação, receosa, para avançar com a leitura, está sempre presente.
Outra das questões desenvolvidas, e particularmente interessante, é a abordagem entre espaços temporais diferentes, as suas consequências, efeitos, no passado e no presente, são prova da criatividade de Riggs que se revela, também, na coerência obtida com a junção de fotografias originais e atractivas.

Pessoalmente, o que mais gostei foi de ver a forma como as ilustrações se aliaram ao enredo, ambos os factores singularmente atraentes e fabulosos num todo, que conferiram a este livro, a esta fantasia, um dinamismo raro.
O factor surpresa conquistou-me de igual modo, assim como as alusões à Segunda Grande Guerra e o espectacular trabalho de edição da Contraponto
No final, ficou em definitivo o desejo de saber mais sobre estas crianças que entre o terror e o deslumbramento me recordaram (não sei porquê) as crianças da Terra do Nunca do clássico Peter Pan.

Mais uma aposta fortíssima da Contraponto que aborda o mercado nacional com irreverência e diversidade conseguindo, consecutivamente, agradar a um público variado com um impacto bastante positivo.

Título: O Lar da Senhora Peregrine Para Crianças Peculiares
Autor: Ransom Riggs
Género: Fantasia
Editora: Contraponto

2 comentários :

Mafi disse...

Gostei da tua opinião :) Vou ler em breve. Estou um bocado reticente, não é o tipo de livro que leie habitualmente mas acho que é bom mudar e quero ler um livro com ilustrações. A Contraponto tem sido muito inovadora, nesse campo :)

beijinhoo

Elphaba disse...

Olá Mafi :)
Obrigada!

Este bem é bem um livro com ilustrações, quer dizer é, é mais com fotografias que representam algo que está no texto o que torna a leitura bastante interessante. Espero que gostes.

Boas leituras & Beijinhos

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