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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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domingo, 18 de novembro de 2012

Sinopse:
Nos anos que se seguem à coroação do rei Artur, a rainha Gwenhwyfar continua as suas manipulações para assegurar a lealdade do seu marido à igreja cristã, enquanto a sacerdotisa Viviane decide confrontar Artur pelo ato de traição contra Avalon.
Nos bastidores, Morgaine planeia o casamento de Lancelet, que ameaça sucumbir ao desespero pelo triângulo amoroso em que se vê enredado. Quando a rainha Gwenhwyfar descobre esse plano, jura vingança. Morgaine, através do seu próprio casamento, dedica-se a fortalecer a causa de Avalon. As sacerdotisas da Ilha das Brumas tudo farão para competir pela alma da Grã-Bretanha contra a maré insurgente da Cristandade. Mas que efeitos terá a chegada do jovem Gwydion, filho de Morgaine e Artur? Irá correr em auxílio do rei ou libertar o caos?

Ler As Brumas de Avalon tem sido para mim um prazer imenso que se renova de volume para volume e que me deixa, indiscutivelmente, marcada por uma satisfação plena. Exceptuando o primeiro título, A Senhora da Magia, em que senti um pouco de dificuldade em adaptar-me à escrita clássica de Marion Zimmer Bradley, esta história tem realmente conseguido cativar-me e, agora que se aproxima o seu final, posso afirmar que estou completamente rendida a esta lenda arturiana fantástica em que as mulheres são as verdadeiras rainhas.

Neste terceiro volume, O Rei Veado, Artur e a sua rainha encontram-se cada vez mais dedicados à fé cristã, propagando-a aos seus súbditos e cavaleiros que rapidamente parecem esquecer, tal como o trono, a influência que a magia da Avalon tem no actual tempo de glória. Mas Avalon não esquece e, enquanto o apogeu de tranquilidade reina entre os homens, é  silencioso, mas presente, o desespero que se instala entre o círculo de poder e que se torna, de dia para dia, uma arma poderosa capaz de destabilizar o coração da nobreza.
Após a viragem inesperada em A Rainha Suprema, as intrigas continuam a aumentar, as falsas ligações começam a corroer-se, os interesses, por seu lado, vingam e, para bem ou para o mal, aquele que nasceu pela mão da Deusa cresce e aprende entre a magia e a fé do reino para, muito mais tarde, mas mais cedo que se julga, vir revindicar aquilo que Avalon considera seu por direito. 

Proporcionando sempre novos desenvolvimentos, esta trama complexa revela-se cada vez mais emocionante. Se por um lado Avalon se mantém serena enquanto recupera face ao golpe sofrido com a falta consideração por parte do reino, na corte os acontecimentos são inesperados e constantes proporcionando uma análise de temas muito interessantes enquanto desvendamos esta história de gerações.
No que respeita às questões desenvolvidas no reino, por Gwenhwyfar, Arthur e Lancelet, temos a possibilidade de abordar conceitos polémicos independentes do tempo em que são tratados. Falo-vos de traição, mentira e falsidade que nestas páginas imperam lado a lado com os suseranos. A inveja, a cobiça, a vaidade e o ódio, pecados mortais indiscutíveis, são expostos através daquela que aparenta ser a imagem de santidade, a rainha Gwenhwyfar, relevando a hipocrisia muitas vezes associada ao cristianismo. Esta é uma personagem, pecadora e purgatória, que embora principie algum sofrimento não nos permite sentir piedade sendo, acima de tudo, uma interveniente cativante pela dimensão de emoções com que contribui para todo o enredo.
Os homens que vamos conhecendo cada vez melhor, por outro lado, são tão maleáveis que apenas evidenciam a fraqueza, desconsideração até, que a autora tem pela masculinidade e este é factor que acaba sempre referenciado em qualquer personagem, principal ao secundária, durante o decorrer da acção. Sim os homens são belos e fortes, mas a astucia que lhes é atribuída fica muito aquém de qualquer mulher que reside nestas páginas.
E no que respeita às personagens de AvalonMorgaine, Viviane, o Bardo e, agora, Niniane e o filho de Morgaine, Gwydion – estes continuam a representar uma imagem de sabedoria para além da fé, porque a sua crença reside naquilo em que acreditam, independentemente de uma moralidade pré-concebida. Uma lição bonita. A sua contribuição para a narrativa é agora, no entanto, mais corrompida mas não deixa de maravilhar e surpreender devido às teias com que tecem os destino de outros através de uma determinação e vontade avassaladoras, através do seu desejo de verem vingado o poder magia. Nem sempre são justos, muitas vezes chocam com os seus actos, mas é mais difícil julga-los do que deixarmo-nos encantar pela forma singular com que pontuam o texto.

Em suma, e porque é impossível para mim falar desde livro de forma individual sem abranger a totalidade da história As Brumas de Avalon ou contar-vos mais do que o apropriado, posso dizer-vos apenas que a magia e o cristianismo, os homens e as mulheres, o amor e a vingança continuam a ser dicotomias recorrentes neste terceiro livro, um livro em que novas personagens surgem e algumas de destaque desaparecem mas que, no final, deixa claro a importância de todos os pormenores para o futuro desta ficção universal que, em algum, todos deveriam ter oportunidade de folhear.

Quanto a Marion Zimmer Bradley, penso que já lhe dediquei todos os elogios possíveis, que são imensos, nas minhas opiniões anteriores.
O seu talento e mestria são incontestáveis, a enormidade e rigor da sua obra é arrebatadora e, definitivamente, quando mais descubro o seu talento e criatividade mais fascinada me sinto. Mais do que uma história, a autora criou um mundo maravilhoso e incomparável que serviu, serve, de fonte de inspiração para escritores e leitores ao longo das últimas décadas o que, só por si, diz tudo.
As suas descrições são irrepreensíveis e o cuidado que aplica a todas as singularidades, emoções e intervenientes é encantatório conseguindo fazer prevalecer o desejo de descobrir um pouco mais sobre a sua ficção.

Pessoalmente, como é evidente, estou rendida a este universo que mistura dois mundos de crenças diferentes.
Neste terceiro volume, O Rei Veado, gostei particularmente de Morgaine que volta a ter um desempenho excelente. Iludindo até mesmo o leitor, esta protagonista, por vezes narradora, tem um papel no fado de todas as vidas descritas que é impensável e a forma como o faz, nem sempre correcta, não deixa de motivar em mim o instinto de adoração. Está a tornar-se uma das minhas personagens favoritas de sempre.

Esta obra é uma publicação maravilhosa com a assinatura Saída de Emergência, fundamental na sua colecção BANG, bem como na estante de todos os leitores de fantasia. Um clássico intemporal, uma leitura que, uma vez mais, eu volto a sugerir fervorosamente aos leitores de literatura fantástica e não só.



As Brumas de Avalon:
A Senhora da Magia, Volume I (Opinião)
A Rainha Suprema, Volume II (Opinião)


Título: O Rei Veado, Volume III
Autora: Marion Zimmer Bradley
Género: Fantasia

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