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A Elphaba...

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sexta-feira, 26 de maio de 2017
Sinopse: 
Inédito em Portugal, estes 55 poemas foram escritos entre 1943-1945, no decurso da 2.ª Guerra Mundial, a Guerra que mudou a Europa e também o Brasil. Este é o olhar do poeta brasileiro mais importante de sempre sobre um momento de transformação profunda e a sua obra mais extensa. A primeira obra de Drummond de Andrade é também o seu trabalho de maior expressão de lirismo social e modernista. 
Este conjunto de poemas aprofunda assuntos como a profunda mudança de mentalidade e o corte com o passado; a confusão gerada por estas mudanças; a urbanização supersónica da então capital brasileira, além do sofrimento causado pela Segunda Guerra Mundial. O sofrimento causado pela Guerra na Europa. É, por isso, um trabalho que reflecte um tempo sombrio.

Antes de qualquer comentário a este título permitam-me confessar-vos que nunca fui, creio que nunca serei, facilmente atraída pela poesia. Sempre que me era proposta a leitura ou análise deste género fazia-o de forma contrariada e o resultado nunca foi bonito… No entanto, não nego a mim mesma experiências e, por isso, quando a Companhia das Letras me brindou com esta publicação de Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo, eu soube que acabaria por lhe pegar. Assim fiz, numa tarde com cheiro de primavera, temperada de sol quente e com o peito desperto para emoções, afinal eu tinha a curiosidade do renome mesmo que me faltasse a vontade. 

Algumas das singularidades que me deixam reticente na poesia, pelo menos dentro dos lusófonos que se destacam, é a nostalgia, a melancolia e o saudosismo permanentes na expressão. Existe na rima uma depressão com a qual não me identifico e que tenho dificuldade em interiorizar. De qualquer forma, após a leitura das primeiras páginas deste livro, compreendi que era diferente, que a sua abordagem ao Homem e ao seu sentir, ao universo sonhado e do qual faz parte – num espaço distorcido pelas perdas e ganhos do Eu – tinham os condimentos certos para me cativar ainda que, sem dúvida, esteja presente o pesar do autor no Brasil representado. 

Não tenho, de todo, qualquer tipo de pretensão em fazer uma análise desta obra, não me sinto qualificada para o fazer, não sei se a métrica dos versos é a correcta ou se a historicidade da Terra de Vera Cruz é respeitada. Todavia, acredito que tratando-se deste poeta em particular não faltarão preceitos de louvor técnico. Assim, deixem-me falar-vos antes da emoção, do sentimento que me foi sendo transferido durante esta leitura que espelha uma História, um espaço e um tempo que me são desconhecidos. 

O desenvolvimento dos poemas, a descrição dos factos ou a forma crua da expressão, muitas vezes sem qualquer tipo de floreados ou pudor, vão exactamente ao encontro de algo com o qual me identifico e dei por mim, diversas vezes, enredada na escrita e desejosa de saber mais sobre aquele pedaço de escrita. Agradou-me. 
Foi fácil sentir a revolta, o desejo e a vontade de ver brotar algo diferente da época retratada, Segunda Grande Guerra. Foi perceptível a gravidade com que o autor encarava os acontecimentos sem que, pelo menos da minha parte, se encontrasse derrotismo, pelo contrário. Andrade apela à luta, espelha mesmo indignação, através da contradição e de poemas que diferem na estrutura. 

Quanto a temáticas, está em evidência uma voz crítica relativa à política e ao sistema da época, bem como à sociedade que sob o seu olhar parece não saber lidar bem com o momento de conflito e, por consequência, terá dificuldades em reerguer-se de forma apropriada no pós-guerra. Questões mais comuns, como os afectos, o preconceito e inercia estão também presentes na obra. 
Para terminar, tenho de vos confessar que por vezes achei a opinião do poeta contraditória relativamente a um determinado tema, parecendo divergir no seu parecer de um poema para outro. 

Resumindo, gostei de ter a oportunidade de pegar neste livro que, admito, não consegui ler do início ao fim continuadamente. Foi, isso sim, uma leitura repartida que ainda não está terminada mas à qual, certamente, voltarei mais vezes. 

Creio que é um livro dirigido, particularmente, aos amantes da poesia mas que também poderá ser curioso para quem deseja saber mais deste período da História do Brasil e descobrir, pela primeira vez, Carlos Drummond de Andrade – pela diversidade de temas e interpretações que oferece. 

Título: A rosa do povo
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Género: Poesia
Editora: Companhia das Letras


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