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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sinopse:
Cinder elabora um plano para fugir da prisão e, se for bem-sucedida, irá tornar-se a fugitiva mais procurada da Comunidade.
Do outro lado do mundo, a avó de Scarlet Benoit desapareceu. Scarlet entra em pânico e, na sua busca, acaba por descobrir que existem muitas coisas sobre a avó que desconhece, assim como ignorava o grave perigo que correu toda a vida. Quando Scarlet encontra Wolf, um lutador de rua que poderá ter informações sobre o paradeiro da avó, sente-se relutante em confiar nele, mas ao mesmo tempo sente-se inexplicavelmente atraída. Scarlet e Wolf tentam desvendar o mistério do desaparecimento da avó, mas deparam-se com outro quando encontram Cinder.
Além de todos os problemas em que estão mergulhados, ainda terão de antecipar os passos da maléfica rainha Levana, que fará qualquer coisa para que o belo príncipe Kai se torne seu marido, seu rei, seu prisioneiro.

*Esta opinião contém spoilers para quem não leu o livro anterior, Cinder.*

Quanto mais leio distopias, mais me convenço do quão maravilhoso este género pode ser, pontuado de genialidade no seu ensaio normalmente futurista e, ao mesmo tempo, com abordagens contemporâneas numa perspectiva arrepiante. 
Cinder, uma das minhas leituras favoritas no passado, foi simplesmente extraordinário – foi a junção de homens e máquinas, de tradição e inimaginável, de um conto-de-fadas clássico com um ambiente estéril que o abrilhantou ainda mais – e agora, no segundo título das Crónicas Lunares, Scarlet, o retorno ao conhecido não poderia ser mais bem idealizado. Reavivando o enredo com uma nova história de encantar, uma história onde se destaca o encarnado da cor do sangue eminente e onde o inimigo se torna tão pérfido quanto Lobo Mau, que ludibria a sua presa, tudo pode acontecer e nunca o mundo, embora diferente daquele que conhecemos, teve tão perto de perder um dos seus traços fundamentais, a sua humanidade.

Depois de um final alucinante que, entre muitos outros momentos plenos de emoção, culminou não na perda de um sapatinho mas sim do pé completo de Cinder, uma das suas partes cyborg, a expectativa era imensa quanto à possível fuga e à impossível morte daquela que é para mim uma grande heroína. Sem facilidades, o destino desta personagem é realmente problemático pois, em toda a Comunidade Oriental assim como no resto do mundo, é procurada para ser entregue, para ser morta às mãos daquela que ameaça o planeta e ambiciona alargar o seu comando para lá de Luna, Levana.
Em França, da bucólica Toulouse à citadina Paris, Scarlet vê o seu mundo ruir com o desaparecimento da avó e ficar cada vez mais confuso com o aparecimento do estranho Wolf. Entre a perspectiva de insanidade e uma esperança inabalável em recuperar a sua cada vez mais misteriosa anciã, cada nova informação é um choque ao que julgava como certo, restando-lhe entregar-se a alguém em que não confia e agarrar-se mais do que nunca às suas convicções.
Duas jovens mulheres, vidas em comum por revelar e muitas surpresas são o aperitivo desta narrativa, que entrelaça mundos de fantasia a uma realidade alternativa distante da nossa Era, criada com uma originalidade soberba.

Com a maior parte do universo exposto já conhecido do leitor, um dos pontos desta narrativa recai sobre as suas personagens, que aumentaram em número e, em parte, em qualidade.
Continuo a adorar Cinder, confesso. Ela é uma das minhas personagens favoritas dos últimos tempos, quer pelas suas características físicas quer pelos seus defeitos psicológicos. Com uma teimosia inata, um coração imenso e uma esperteza incomum, fiquei fascinada com o seu jeito peculiar de se expressar e de lidar com situações mais complicadas, fiquei fascinada ao reparar que quanto mais lunar e cyborg se torna mais se destaca o seu lado humano, repleto de defeitos e qualidades.
No que respeita a Scarlet, gostava de me ter surpreendido mais. Embora esta seja responsável, muito corajosa e tenha em si todos os atributos desejáveis a um papel principal – inclusive um apetecível mau-feitio – senti, sinceramente, que lhe faltou algo para estar ao nível princesa anterior, o cabelo ruivo e o capuz vermelho não foram suficientes, mesmo que acompanhados pela típica inocência de Capuchinho. Quero mesmo ver um pouco mais de si no próximo livro.
Como é de esperar, as protagonistas são o centro do texto mas não estão sós, pelo contrário, fazem-se acompanhar de imensos intervenientes secundários que destacarei em conjunto com outros atributos do livro.

Com o factor tecnológico evidenciado em cada página, um dos momentos altos do livro é passado, literalmente, em órbita na companhia de Iko, uma andróide divertida e adorada de Cinder, e Thorne, um “Capitão” da Força Aérea da República Americana, que fugiu de Nova Pequim juntamente com esta protagonista, dotado de humor e pouco sentido de honra, já que é um ladrão reconhecido internacionalmente.

Igualmente interessante é Wolf e os seus homónimos. São seres com características lupinas aumentadas, em particular a raiva e a violência, que agem tal como se pertencessem a uma alcateia, respeitando hierarquias, e que são submissos ao seu mestre lunar, um taumaturgo. Wolf é obviamente diferente, ou pelo menos torna-se diferente depois de conhecer Scarlet e gostei bastante da dinâmica entre ambos.

Relativamente a Luna, é nos oferecida mais alguma informação a respeito do satélite mas o que realmente se salienta são os poderes, as capacidades dos lunares através de Cinder. De qualquer forma, Levana, a rainha de Luna, continua a ser uma vilã com todos os predicados, mantendo uma política de terror perante o imperador Kai – que não consegue cativar-me – e permitindo antever que ainda tem armas poderosas para atormentar os heróis da narrativa.

Para terminar, continuo a gostar muito dos contrastes, da imagem do nosso planeta reproduzida pela autora. Guerra, peste e escravatura versus o avanço científico e todas as possibilidades que daí advém são algo poderá fazer com que o leitor reflicta sobre as prioridades contemporâneas, sobre o ponto a que poderá um dia chegar o mundo com a maneira de pensar do Homem e as suas prioridades actuais.

Em suma, este é um livro de entretenimento máximo que equilibra na perfeição a doçura do extraordinário com uma possível realidade, estando latentes as histórias maravilhosas da infância com uma abordagem e profundidade que agradará a qualquer adulto neste género de ficção.

Marissa Meyer tem uma escrita fluida e atractiva que consegue ser viciante. As suas descrições não são pormenorizadas mas permitem uma visualização do seu enredo e cenários complexos sem interferências, oferecendo naturalmente reinos e princesas, formando laços e falando de amor, com a mesma simplicidade com que nos mostra a natureza crua de cada um, reflectida em medos, lutas e fugas, reflectida na esperança, através de emoções que espelham o melhor e o pior.

Eu sou completamente fã das Crónicas Lunares e, após este delicioso título, estou cada vez mais ansiosa para saber o final que se adivinha magnífico, de cortar o folgo – o próximo livro será publicado no original, este mês, com o título Cress.
Enfim, Cinderela, Capuchinho Vermelho e, adivinhando-se, Rapunzel envolvidas em ficção científica, o resultado só poderia ser perfeito.  

Esta é uma maravilhosa aposta da editora Planeta Manuscrito que, com um trabalho gráfico maravilhoso, tem sido assertiva neste género literário. Mais um título que eu recomendo, sem qualquer restrição, a todos os que já se renderam ao fenómeno das distopias.

Cinder Crónicas Lunares, livro 1 (Opinião)

Título: Scarlet
Autor: Marissa Meyer
Género: Distopia; Ficção Científica; Romance


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