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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
Viciada em literatura fantástica e romântica.
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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sinopse:
Best-seller internacional e obra pioneira, Fun Home descreve a relação frágil que Alison Bechdel manteve com o pai ao longo da sua infância e adolescência. Na sua narrativa, a história íntima e pessoal de uma família transforma-se numa obre cheia de subtileza e poder.
Exigente e distante, Bruce Bechdel era professor de Inglês e dirigia uma casa funerária – a que Alison e a família chamavam, numa pequena piada privada, a «Fun Home». Só quando estava na universidade é que Alison, que recentemente admitira aos pais que era lésbica, descobriu que o pai era gay. Umas semanas depois desta revelação, Bruce morreu, num suposto acidente, deixando à filha um legado de mistério, complexos e solidão.

Não é raro depararmo-nos com a citação «uma imagem vale mais que mil palavras» o que, para alguém como eu, que bebe das palavras como se do elixir da vida se tratasse, não pode ser encarado de ânimo leve mas, confesso-vos, Alison Bachdel consegue-o. Consegue-o com o seu traço peculiar que espelha de forma transparente as emoções humanas e através dos seus sombreados, discretos, que aludem aos silêncios contidos em todas as palavras que no seu passado ficaram por dizer.
Intenso, Fun Home – Uma Tragicomédia Familiar, examina minuciosamente a complexidade dos laços familiares onde não chegaram as vozes, não chegaram as páginas, para que Bruce e Alison, tão longe e tão perto, se reencontrassem em vida, através suas diferenças, através da sua estranha forma de amar.

Se olharmos para esta narrativa gráfica com leviandade descobrimos, em parcas palavras, que retracta o efeito das origens do ser humano, a partir do seu berço, nas suas relações sociais mas, se por outro lado, a visão do leitor for mais aguçada rapidamente acabará por descobrir como esse mesmo meio, distribuindo de forma igual os seus preceitos, origina pessoas desiguais. É curioso. E curiosa é, certamente, a essência que retiramos desta história se a encararmos de espírito aberto e reflexivo…
A autobiografia desenhada pelas mãos de Alison expõem com fidedignidade a sua infância e juventude como criança e mulher estranha ao seu corpo, expõem as suas memórias ressuscitadas pela perda e expõem ainda a sua descoberta, na idade adulta, daquilo que sempre esteve presente ao longo de todo o seu desenvolvimento.

São muitos e diversificados os pontos de interesse deste livro, tantos como as suas particularidades que – com o folhear, o observar e analisar atento das passagens referidas – quanto mais o leitor julga estar preparado para o seu desfecho desde o início, mais se vê obrigado a amadurecer, com a força dos pequenos gestos e sinais que recalcadamente foram sendo reprimidos, até que exista uma tomada de consciência avassaladora que chega com fim, encarado como certo, mas que só após ponderação faz sentido.
As aparências, a recusa em aceitar o óbvio e o medo que alimentou a mentira em nome da estabilidade são a prova, perceptível com a finitude, que por muitas voltas que se dê para escolher um caminho fraco, o fracassado, é apenas o destino daquele que não ama, e não a sua forma de amar por muito estranha e incompreendida que possa ser, algo que Alison Bachdel só descobriu na idade adulta.

Creio, após ter repensado a minha opinião sobre esta banda desenhada, que são os sentimentos da autora, os fugazes, os eloquentes, os assombrosos e os mais pueris que dão o toque especial á sua obra. Quer seja pelas suas palavras introspectivas e irónicas, ou pela voz sincera e crua, ou ainda por cada desenho, espelho, que permite antever uma dor que ainda se encontra a ser sarada, que este livro não se poderia encontrar descrito de forma mais assertiva e singular. Existe na fusão de imagens e frases sentidas, profundas, algo que torna esta obra no presente mais que perfeito para alguém que acabou por dar algo crucial à vida de Alison, um alguém que não sabia ofertar nem a si próprio.

Pessoalmente, acredito que esta novela gráfica é a escolha acertada para quem procura de forma original reflectir sobre questões que, do século passado aos dias de hoje, continuarão actuais e que terão sempre um tom controverso e agridoce, como é o caso da homossexualidade. No entanto, a abordagem ao casamento e à sociedade, passando pelo crescimento pessoal e a família são igualmente importantes e singulares, o que faz sentido se pensarmos que estão muitas vezes interligados influenciando fortemente todos aqueles que escolheram um rosto homónimo para amar.

Peço-vos desculpa se acabei por dar uma opinião vaga, com um carácter mais pessoal, mas Eu Elphaba, Joana, acredito que não existem caminhos impossíveis, mas existem, definitivamente, escolhas difíceis e todos temos o direito a errar desde que, mais tarde ou mais cedo, se acabe por fazer a coisa certa e, ao publicar este livro, Alison não poderia ter acertado mais.
Fiquei, claro está, com um imenso desejo de continuar a ver esta editora publicar mais obras dentro do género pois, tal como aconteceu com Persépolis, é magnífico observar por imagens alguns dos pontos mais cinzentos do meu mundo.

Esta é mais uma aposta especial, diferente, publicada por parte da Contraponto que de forma séria e descontraída, neste caso com desenhos que pintam a vida, conseguirá levar muitos leitores a tecer pensamentos mais profundos sem que se apercebam, despertando-os, desta vez, para uma realidade muito bem-vinda.

Título: Fun Home – Uma Tragicomédia Familiar
Autora: Alison Bechdel
Género: Banda Desenhada
Editora: Contraponto

2 comentários :

Unknown disse...

Banda desenhada normalmente não é a minha área na livraria (mais a do meu marido) mas este parece interessante ;)

Elphaba disse...

Olá LiLiana,
Confesso-te que também não era a "minha praia" até ter experimentado as publicações da Contraponto este ano "Persépolis" e "Fun Home"... Desde então já dou por mim a espreitar, embora tímida, essa zona das livrarias. Parece que estes quadradinhos têm mais magia do que aquela que eu julgava possível :)

Boas leituras.

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