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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sinopse:
A vila costeira de Pirriwee é um bom lugar para viver. As ruas são seguras, as casas são elegantes, e os seus habitantes distintos. Bom... quase todos...
Madeline é tudo menos perfeita. Para começar, recusa-se a viver para as aparências e não se coíbe de dar a sua opinião (principalmente quando não é pedida). O seu lema “Nunca perdoar. Nunca esquecer.” vai ser inesperadamente testado ao limite.
Celeste tem o tipo de beleza que leva as pessoas a parar na rua.
É tão serena que ninguém repara que por detrás dos seus magníficos olhos se escondem sombras negras. Nem as suas melhores amigas sabem o que se passa quando a noite cai.
Jane acabou de chegar. Ao fim de anos a tentar encontrar um lar, a idílica vila parece ter tudo o que procura… e até já conseguiu fazer duas amigas, cujas vidas perfeitas, espera, venham a ter uma boa influência sobre si. É mãe solteira e tão jovem que, no recreio da escola, a confundem com uma babysitter. Mas a sua inocência há muito que se perdeu.
Um acidente vai unir estas três mulheres numa amizade aparentemente indestrutível. Pelo menos, até à noite da festa. Na vila, nada mais será como antes. São muitas as versões mas o facto indiscutível é que houve uma morte. Como aconteceu? Quem viu? Acima de tudo, quem morreu?

Gosto. Gosto de livros que me falem sobre pessoas que poderiam ser minhas, vossas. Livros sobre pessoas presas a rotinas e convenções, pessoas perdidas que se encontram com dilemas comuns, pessoas que existem da única maneira que conhecem, que lhes é permitida, mesmo que tal, como nós, por vezes recorram a Pequenas Grandes Mentiras. Gosto.
Liane Moriarty oferece-nos, com 3 vozes diferentes e muitos ecos confusos e impertinentes, o quotidiano de mulheres que tiveram entre si um encontro feliz, que descobriram na amizade um pilar que lhes permitiu abrir os olhos, superar adversidades e, no final, não desistir de procurar o mais correcto, a felicidade.

A escrita, o tom desta narrativa, tem tanto de bela como de ligeira, promovendo uma empatia imediata com os intervenientes e prendendo-nos completamente a tensão crescente do romance, à busca pela pergunta que não quer calar na mente de quem folheia: quem morreu?
Sabemos, com absoluta certeza, que no fatídico momento em que se desvendar o mistério as vidas de Madeline, Celeste e Jane nunca mais serão as mesmas e só a amizade entre elas poderá permanecer igual. São três mulheres similares a tantas outras que conhecemos, três perspectivas diferentes sobre o amor que ao longo do texto vão expor ao leitor os seus receios e intimidades, os segredos que elas próprias preferem não ver, agarradas a falsas verdades que partilham para camuflar a dor e a fragilidade dos seus dias.
A perfeição não existe nesta comunidade pacífica à beira-mar, o que existe é um equilíbrio instável, prestes a quebrar-se, quando for revelado o enigma que une as protagonistas.

Não sabia ao certo que o que esperar deste livro ou dos seus intervenientes e, provavelmente, foi por isso que me surpreendi tão positivamente com estas figuras ficcionais.
As emoções passadas são cruas, credíveis, com uma capacidade assertiva de me pôr a pensar como agiria nos seus papéis e encontrando em cada uma das personagens principais um pouco de mim própria. Medeline é um verdadeiro furacão, fala e sente de forma avassaladora e onde chega preenche o espaço e o silêncio. Celeste, por seu lado, é muito calma mas tem dentro de si uma bomba que pode explodir a qualquer momento, ela é observadora, introspectiva até, mas adivinha-se uma tempestade em si que levará tudo à frente. E a Jane é simplesmente a Jane, uma jovem mulher de olhar triste que gostaríamos de proteger, que não sabe esconder a idade do espelho da sua alma nem o peso que carrega no seu coração. As três vão-se revelando mais complexas do que estes traços simples e confesso-vos que me deu muito prazer vê-las rebelarem-se.


Quanto aos intervenientes secundários, há as alcoviteiras, as maníacas e as coitadinhas, os patrões, os jeitosos e os pais a valer, mas confesso que eu gostei mesmo foi da senhora que morava ao lado da escola onde tudo começou e do tipo giro que tinha um café que me fez crescer água na boca entre páginas. Claro que também houve quem me mete-se medo, pela agressividade, pela capacidade de julgar ou pela simples ameaça contida na sua descontrolada presença, afinal de contas cada elemento desta comunidade é uma peça no puzzle final, são uma amostra da nossa sociedade, tantas vezes feliz e outras tantas uma desilusão.

Personagens boas à parte, creio que fui particularmente tocada pelas temáticas do enredo que, se reveladas, são spoiler. Eu sou sensível a causas e a pessoas, a actos e às consequências dos mesmos. Acho que já vos tinha dito, eu sou do género de maluquinha que pensa muito no efeito borboleta, no meu dia a dia acredito que aquilo que eu faço ou digo pode ter um efeito no que me rodeia e, como tal, depende também de mim a harmonia do que me rodeia. Nesta história acontece algo que altera as pessoas da vila costeira de Pirriwee e a forma como cada uma vai escolher agir pode decidir o final da mesma.

Em suma, gostei muito do livro, das suas abordagens mais leves ou intensas, mais ou menos pertinentes a questões sempre actuais mas que são tantas vezes esquecidas, não só porque não olhamos em nosso redor, mas também porque muitas vezes estamos fechados a todas as perspectivas.
Confesso, fiquei muito curiosa para ler o outro título da autora, já publicado pela ASA, O Segredo do Meu Marido.

Um livro que me agradou bastante e que recomendo aos fãs de romance contemporâneo, com uma pitada de drama e muitos sorrisos fáceis, com maturidade suficiente para pensarem nas entrelinhas do que estão a ler.


Título: Pequenas Grandes Mentiras
Autora: Liane Moriarty
Género: Romance; Drama

Editora: Edições ASA 

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