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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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segunda-feira, 15 de abril de 2013
Sinopse:
Rhine e Gabriel fugiram da mansão, mas o perigo nunca ficou para trás.
Para Rhine de dezassete anos, a arriscada fuga do casamento polígamo parece ser o princípio do fim. A evasão leva Rhine e Gabriel a uma armadilha sob a forma de uma feira popular, cuja dona mantém várias raparigas prisioneiras, Rhine acaba de fugir de uma prisão dourada para se meter noutra ainda pior.
A jovem acaba por percorrer um cenário tão sombrio como o que deixou há um ano - que reflecte os seus sentimentos de medo, desespero e desesperança.
Com Gabriel a seu lado está decidida a chegar a Manhattan para se encontrarem com Rowan, o irmão gémeo, mas a viagem é longa e perigosa e o que Rhine espera que seja uma segurança relativa revelar-se-á muito diferente.
Num mundo onde as raparigas só vivem até aos vinte anos e os rapazes até aos vinte e cinco, o tempo é precioso e Rhine não tem como escapar nem iludir o excêntrico sogro Vaughn, que está determinado a levá-la de novo para a mansão... a todo o custo.
Nesta sequela de Raptada, a heroína tem de decidir se a liberdade vale a pena, pois tem mais a perder do que nunca.

OhMeuDeus! Que livro espectacular!
Imaginem aquele livro que para vocês está perfeito, com direito a cereja no topo do bolo tudo e talvez, apenas talvez, consigam perceber aquilo que Delírio significa para mim. Adorei!
Desde o cenário futurista enlouquecedor, aos mil e um intervenientes secundários que complementam eximiamente o enredo, passando por protagonistas marcantes e terminando num ambiente aterrador que dá vida ao pesadelo relatado neste texto, nada é deixado ao acaso, o que faz de mim uma leitora absolutamente maravilhada.

No ano passado, através de Raptada, conheci a fatalidade com origem na beleza estéril. Conheci a dor causada pela ilusão de infinito em vidas que nunca chegarão a nada e, confesso, que ao conhecer Rhine me apaixonei por si e pelas suas irmãs-esposas, todas elas jovens, diferentes e condenadas.
No primeiro livro da série O Jardim Químico descobrimos que as mulheres vivem apenas até aos 20 anos e os homens até aos 25 - eu já estava morta -, e que, assim sendo, estamos perante um retrato da humanidade condenado à nascença, limitado a produzir incessantemente para que o mundo não acabe. Mas, igualmente no primeiro livro, descobrimos que apesar da desgraça que envolve este conceito arrepiante existe excelência, ainda que precária, encantatória, algo que em Delírio se desfaz completamente transportando os leitores e a narrativa para um novo patamar.

Esqueçam o que é belo, esqueçam a esperança de que tudo vai correr bem e sejam bem-vindos a todos os horrores que consigam conceber para a sociedade idealizada por Lauren DeStefano. Conseguem imaginar? Este livro é pior ainda, e não admira que o seu título seja Delírio. Mas atenção, desprezem o lado positivo da palavra e permitam-se aconchegar em perversidade e insanidade, porque quando o conseguirem estão prontos para dar as boas-vindas a um circo, feira, inimaginável - repleto de medos primitivos, cruéis e reais. A verdadeira aventura começa agora e nunca o perigo foi tão constante.

A fuga da mansão, que deveria dar alento a Rhine e Gabriel, é o primeiro passo para que a nossa protagonista descubra que o cenário social que a aguarda é bem mais desolador do que pensava. Meio apaixonada e totalmente desesperada para encontrar o seu irmão gémeo, as aventuras agora desenvolvidas ultrapassam tudo aquilo que eu julgava possível e, infelizmente, eu não vos posso contar nem uma para não cometer spoilers. (Desculpem!)

Em relação a personagens, das que conhecíamos anteriormente apenas Rhine e Gabriel estão constantemente presentes, ainda assim, se leram o livro anterior, sabem que esta autora consegue surpreender e aqui, com o adensar do enredo, surpreende e muito. De qualquer forma, no que respeita a Rhine esta é uma protagonista que já conhecemos com um nível de maturidade elevado e que acaba por se desenvolver ainda mais nesta narrativa, com tudo aquilo que agora se vê obrigada a ultrapassar. Já Gabriel não me cativou por aí além, mas acho que a culpa é de Rhine, ela brilha tanto que ofusca todos os outros intervenientes, no entanto este rapaz desempenha bem o seu papel, e tantos os seus receios como a sua inocência são aceitáveis, sinceramente fico a aguardar que volte a ter destaque nos próximos livros.

Os intervenientes secundários são mais que muitos e, quer seja para o bem ou para o mal, são vários aqueles que merecem ser referidos, assim sendo espero que gostem tanto de Maddie ou Lilac como eu gostei e que se repudiem tanto com Madame como eu. Mais importante ainda, espero que sintam a mesma estupefacção que eu senti com alguns dos reencontros que vos aguardam.

Temas abordados, God, são tantos que nem sei por onde começar sem desatar a contar a história toda.
Em primeiro lugar continua a fascinar-me o facto da raiz do mal nesta narrativa ter sido imaginada a partir do inconcebível conceito de imortalidade - conceito explorado por diversas religiões através da alma ou até mesmo através de cientistas e filósofos dos nossos dias com viabilidade a longo prazo -, mas este é apenas um extra bem trabalho, irónico e inteligente, um extra que fundamenta uma história que consegue explorar todos os podres da actualidade, vou citar alguns exemplos: miséria extrema; tráfico de toda a espécie, em particular humano; droga; prostituição; abuso de poder; corrupção; regime ditatorial; crítica à exploração científica abusiva; violência; todo o tipo de abusos que possam imaginar e, acreditem, muito, muito mais. Este texto tem de tudo.

Em suma, isto é bom, mais que bom e eu recomendo a todos quantos me perguntem por uma distopia de qualidade. Embora possa ser lida por um público juvenil, não sei se no geral este conseguirá compreender tudo o que esta história pretende alcançar. E por fim, creio que esta história agradará não só aos leitores deste género, mas também a todos aqueles que gostem de uma boa ficção que explora a humanidade, como um todo, e os próprios limites do ser humano, física e emocionalmente.

Lauren DeStefano tem aqui uma fã incontornável e mesmo que daqui para a frente não escreva nem uma linha de jeito já ganhou a minha estima.
A sua escrita é brutal, muito acessível e ao mesmo tempo complexa o suficiente para nos fazer querer ler e reler cada capítulo, nas entrelinhas, com anseio de descobrir mais.
Totalmente assertiva, esta autora não dá ponto sem nó, toca na ferida e apela às emoções como muito poucos, e complementa tudo isto com cenários arrepiantes e descrições que nos permitem visualizar a acção e imaginar um pouco mais além do que está exposto, o que é muito bom.

Quanto a mim, ri, chorei, surpreendi-me e choquei-me. Fiquei desesperada para ler o próximo livro e ainda ando à procura de estabilizar as minhas emoções quanto a esta história.
Não há muito que possa dizer que já não tenha dito, adoro a coerência daquilo que leio nesta narrativa, a sua proximidade à actualidade, com temas tão discutidos diariamente, e, principalmente, as emoções e sensações que me transmite. Espero que o próximo título, no original Sever, seja publicado em breve.

Mais uma grande, grande aposta Planeta Manuscrito que vem igualar com títulos como Cinder, anteriormente publicado pela mesma editora. São histórias excepcionais para todos os leitores de mente aberta e com a capacidade de mergulhar em novas realidades.

Jardim Químico I



Raptada (Opinião)


Título: Delírio
Autora: Lauren DeStefano
Género: Distopia; Romance
Editora: Planeta Manuscrito 

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