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A Elphaba...

Adoradora de literatura em geral.
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quinta-feira, 8 de março de 2012
Sinopse:
Ari, a última descendente de uma longa linhagem de bruxas, pressente que o mundo está a mudar... e está a mudar para pior. Há várias gerações que ela e outras como ela zelam pelos Lugares Antigos, assegurando-se de que o território se mantém seguro e os solos férteis. No entanto, com a chegada da primeira Lua Cheia do Verão, as relações com os seus vizinhos azedam-se. Ari já não está segura. Há muito que o povo Fae ignora o que se passa no mundo dos mortais. Só o visitam, através das suas estradas misteriosas, quando desejam recrear-se. Agora esses caminhos desaparecem a pouco e pouco, deixando os clãs Fae isolados e desamparados. Onde sempre reinara a harmonia entre o universo espiritual e a natureza, soam agora avisos dissonantes nos ouvidos dos Fae e dos mortais. Quando se espalham nas povoações boatos sobre o começo de uma caça às bruxas, há quem se interrogue se os diversos presságios não serão notas diferentes de uma mesma cantiga. A única informação que têm para os nortear é uma alusão passageira aos chamados Pilares do Mundo...


Por cada vez que sopra uma brisa, o medo escoa entre as abençoadas. Por cada vez que finda um dia, cadenciadamente, escorre o tempo para que o mal roube mais uma vida. Nunca a mulher teve um preço tão elevado, nem a premonição e o dom foram tão amaldiçoados.

Os Pilares do Mundo abre-nos as portas para um novo mundo em que a magia reina através de bruxas, feéricos e a Mãe Natureza. Evidenciando a maldade extrema e a bondade canalizada em actos simples e pueris, esta narrativa aborda temas muito diversificados em que a mulher se encontra como núcleo principal abrindo as portas para uma fantasia retratada de forma magistral.
Anne Bishop é das minhas autoras favoritas e o primeiro livro da sua nova trilogia publicada em terras lusas não desiludiu. Com uma escrita encantatória, que nos conduz com ansiedade voraz até ao final, a autora soube, uma vez mais, transmitir emoção de variadíssimas formas encaminhando-nos com sabedoria numa viagem inesquecível.

Com um leque muito diverso de personagens a autora proporciona-nos a possibilidade de conhecer pontos distintos de acção sendo os Fea, as Bruxas e os Inquisidores aqueles dominam a nossa atenção transmitindo emoções díspares, e igualmente fortes, que se revelam uma verdadeira surpresa a cada folhear de página. Desta feita, a minha opinião acaba por se evidenciar em cada um dos seres que intervêm na trama pelo que a minha estrutura do texto está, excepcionalmente, diferente do habitual.

Desde o início dos tempos que as bruxas, geração após geração, cuidam dos seus lares com particular atenção. Da sua casa retiram sustento através de trabalho árduo e é com amor fazem prosperar a natureza que as abona em igual medida mas algo está a mudar e uma tristeza inunda a terra outrora fértil. Ari, a bruxa que acompanhamos com maior proximidade, é uma força da natureza. Esforçada, como só uma filha da Mãe poderia ser, não é de todo digna de pena, pelo contrário, e ainda que a vida lhe seja dura a sua força e coragem é um estímulo que impregna de energia benigna a nossa leitura.

Num lugar insuficientemente distante um homem, inquisidor, de convicções extremistas leva acabo a missão para qual acredita ter nascido, erradicar de toda a terra aquelas que possuem o poder e que de alguma forma podem ameaçar o homem, aquele que deve ser suserano acima de todos os outros. Ele enraíza o mal ao longo da narrativa transbordando o que de pior floresce no âmago corrompido, transparente através em falso poder e devassidão.

Do outro lado do véu os Fea persentem e ouvem sussurrar, a prece, a natureza. O mundo está a mudar. Até agora foi sem esforço que todos os seus dilemas se resolveram mas desta vez, ao caminhar por entre os homens, sabem que terão de encontrar mais respostas do que prazer ainda que acreditem que, com a sua magia e força, a eternidade lhes continua garantida. A Ceifeira é, entre os diversos seres feéricos, aquela que maior atracção teve sobre mim. Ao contrário dos restantes, ela caminha entre os homens e eu nunca pensei gostar da morte. O seu papel, comparativamente a todos os outros, foi aquele que mais me susceptibilizou.

Ainda que esta narrativa não tenha a perversidade de Jóias Negras a maldade está exposta, impetuosamente, da mesma forma e a sensualidade foi substituída por afecto e emoção.
A mulher é sem dúvida a grande homenageada neste livro da mesma forma que é castigada de maneira insana através da perversão, levanto o leitor a repudiar ardentemente personagens, algo que só Bishop consegue transmitir.

Pessoalmente, eu sou aquela que anseia por finais quase felizes, que se consola quando não existe reviravolta mas que, ainda assim, acredita sempre na continuidade e mantenho-me repleta de espectativas sobre personagens que me desiludiram mas que, tenho a certeza, irão surpreender ao longo desta trilogia.

Anne Bishop tem um dom para a palavra escrita que poucos autores conseguem igualar. Ela recria universos complexos, abundantes em ambiguidades impressionáveis. Para o bem e para o mal ela toca o leitor que, uma vez enredado na sua escrita, já mais a esquecerá
Sem sombra de dúvida a minha autora favorita neste género e uma grandiosa aposta da Saída de Emergência que aconselho a todos os leitores de todos os géneros literários que, tenho a certeza, reconhecerão o mérito que lhe atribuo.

Depois desta maravilhosa leitura é com imensa ansiedade qua aguardo o próximo livro pois as saudades de Os Pilares do Mundo já apertam, como diria, e muito bem, Anne Bishop:
«Feliz por este encontro, com felicidades me despeço e feliz seja o reencontro.»

Título: Os Pilares do Mundo
Autora: Anne Bishop
Género: Dark Fantasy
Editora: Saída de Emergência

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